Neste dia importantíssimo sobre o respeito aos direitos das mulheres e pela igualdade de gênero, resolvemos elencar alguns bons filmes dirigidos por mulheres que estão disponíveis nos cinemas ou em plataformas de streamings para curtirem o bom trabalho das diretoras que ainda merece muito mais reconhecimento do que é dado recentemente:
“VARDA POR AGNÉS” (2019), de Agnés Varda (Telecine Play)
Documentário essencial sobre a diretora de cinema que é considerada a mãe da Nouvelle Vague, com tom autobiográfico realizado pela própria Agnés Varda sobre seu papel como cineasta, fotógrafa e artista de um modo geral. É seu último trabalho antes de falecer no início de 2019.
“MÃE SÓ HÁ UMA” (2016) e “QUE HORAS ELA VOLTA?” (2015), de Anna Muylaert (Netflix / GloboPlay)
Anna Muylaert é uma das grandes cineastas brasileiras na atualidade, e seu justificado reconhecimento se deve muito a esses dois filmes citados. Se em “Que Horas Ela Volta?” ela constrói um retrato do Brasil através da vida de uma doméstica que trabalha numa casa luxuosa em São Paulo, em “Mãe Só Há Uma” Muylaert abraça o melodrama através de seu jovem protagonista, que vê sua vida virar de cabeça abaixo ao descobrir que foi trocado na maternidade.
“13ª EMENDA” (2016), de Ava DuVernay (Netflix)
A cineasta negra Ava DuVernay ganhou fama e notoriedade no cinema com o filme “Selma – Uma Luta Por Igualdade” (2014), indicado ao Oscar de melhor filme na época, mas no documentário “13ª Emenda” ela expõe todo o seu talento ao expor o sistema prisional americano e como ele traduz o contexto racista estadunidense de forma tão clara, sendo um de suas ótimas obras que tratam da questão da busca pela igualdade racial.
“YENTL” (1983), de Barbra Streisand (aluguel Apple TV-iTunes)
Barbra Streisand é uma das grandes desbravadoras da questão de gênero e oportunidades para mulheres em termos de direção de projetos em Hollywood, e em “Yentl” ela traz um poderoso drama onde uma jovem judia finge ser um homem para poder ter acesso ao ensinamento religioso, proibido para mulheres na época. Por esse filme Streisand ganhou o Globo de Ouro de melhor diretora na época.
“GAROTAS” (2014) e “TOMBOY” (2011), de Céline Sciamma (Globo Play / Apple TV-iTunes)
A francesa Céline Sciamma é uma das melhores cineastas da atualidade, tendo em “Retrato de Uma Jovem em Chamas”, que esteve recentemente em cartaz nos cinemas brasileiro talvez sua obra-prima. Mas já era nítido em dois filmes anteriores toda a sua capacidade. Se em “Tomboy” ela mostra uma menina de dez anos que se reconhece como menino ao se mudar com a família para outra vizinhança, em “Garotas” ela mostra a jornada de auto-conhecimento de uma jovem negra ao integrar uma gangue juvenil de garotas.
“UM DIVÃ EM NOVA YORK” (1996), de Chantal Akerman (MUBI)
A cineasta belga Chantal Akerman, falecida em 2015, é um nome famoso no circuito alternativo do cinema, tendo em “Jeanne Dielman” talvez sua obra-prima. Uma oportunidade de conhecer seu trabalho, mesmo que num terreno pouco explorado por ela dentro do contexto da indústria de cinema, é “Um Divã em Nova York”, que conta a história de um psicanalista que troca de apartamento temporariamente com uma francesa, que recebe a visita dos pacientes dele como se fosse uma analista – e ao voltar mais cedo para os EUA o próprio psicanalista resolve ser seu paciente.
“DOMANDO O DESTINO” (2017), de Chloé Zhao (HBO Go e aluguel Youtube e Google Play)
Chloé Zhao é uma ascendente cineasta, que apareceu no circuito com esse ótimo filme “Domando o Destino”, que conta a história de um cowboy de rodeio que após sofrer uma séria lesão cerebral num acidente de trabalho acaba tendo que reavaliar a sua vida e o que fazer dela após esse incidente, o que acaba sendo um retrato do homem em crise na sociedade atual.
“DEIXE A LUZ DO SOL ENTRAR” (2017), de Claire Denis (Telecine Play)
Claire Denis para mim é uma das maiores cineastas da atualidade, onde mesmo flertando com diversos gêneros ela consegue deixar sua marca autoral de reflexão e profundidade na vida de seus protagonistas. Em “Deixe a Luz do Sol Entrar”, ela retrata o perfil da mulher madura em crise em sua protagonista, uma artista divorciada que busca o amor verdadeiro em relacionamentos casuais e distintos entre si.
“MUDBOUND – LÁGRIMAS SOBRE O MISSISSIPI” (2017), de Dee Rees (aluguel Claro Vídeo, Google Play e AppleTV-iTunes)
A cineasta negra Dee Rees foi a primeira roteirista afro-americana a ser indicada ao Oscar de melhor roteiro adaptado por “Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi”, filme bastante elogiado pela crítica especializada que conta a história de dois homens que voltam da Segunda Guerra Mundial para o Mississipi, um branco filho de um grande proprietário local, e um negro filho dos trabalhadores deste mesmo grande proprietário, e ambos sofrem as consequências do contexto racista do sul dos Estados Unidos naquela época.
“O ANIMAL CORDIAL” (2017), de Gabriela Amaral Almeida (aluguel Google Play, Looke e Microsoft Store)
Antes dos ataques do Governo Federal, o cinema nacional vivia uma rara fase de diversidade em seus projetos, despontando jovens como a cineasta Gabriela Amaral Almeida, que explora o cinema de gênero como metáfora para críticas sociais, como “O Animal Cordial” que traz a história onde um pequeno e mal frequentado restaurante vê exposta de forma visceral a tensão invisível entre gerentes, funcionários e clientes após sofrer um assalto armado no fim do dia.
“LADY BIRD” (2017) e “ADORÁVEIS MULHERES” (2019), de Greta Gerwig (Telecine Play/Cinemas)
Greta Gerwig é uma atriz famosa no circuito independente norte-americano que recentemente se tornou diretora, estreando no ótimo “Lady Bird”, que conta a história de amadurecimento de uma jovem com inclinações artísticas em uma cidade do interior dos EUA, e que evolui na nova adaptação do clássico “Adoráveis Mulheres” pro cinema, onde ela dá seu toque autoral na história de amadurecimento de quatro irmãs em meio à guerra civil americana.
“ELISA & MARCELA” (2019), de Isabel Coixet (Netflix)
A diretora e roteirista catalã Isabel Coixet possui uma filmografia densa de dramas de relacionamento, e em “Elisa & Marcela” ela nos traz a adaptação de obra literária que conta a história da jovem Elisa, que assume uma identidade masculina para poder casar e viver sua história de amor com Marcela em 1901.
“O BRILHO DE UMA PAIXÃO” (2009), de Jane Campion (Amazon Prime Vídeo e Looke)
A neozelandesa Jane Campion, uma das poucas mulheres indicadas ao Oscar de direção por “O Piano” (filme pelo qual ela ganhou o Oscar de melhor roteiro naquele ano além da Palma de Ouro em Cannes), nos traz no filme “O Brilho de Uma Paixão” a linda história de amor do poeta John Keats e a jovem Fanny Brawne, que durou três anos um pouco antes de sua morte.
“AS BOAS MANEIRAS” (2017), de Juliana Rojas e Marco Dutra (Telecine Play)
São raros os exemplos de filme de terror no cinema brasileiro, e atualmente uma das melhores realizadoras desse gênero aqui é Juliana Rojas, desde seus curtas até este “As Boas Maneiras”, um filme que mistura o folclore nacional com emblemas do cinema de horror, na história entre uma solteira grávida e sua recém-contratada doméstica, que constroem uma relação cada vez mais próxima em torno de acontecimentos bizarros.
“A HORA MAIS ESCURA” (2012) e “JOGO PERVERSO” (1989), de Kathryn Bigelow (Netflix e Globo Play/Amazon Prime Vídeo)
Kathryn Bigelow é a primeira e única mulher a vencer o Oscar de melhor direção pelo filme “Guerra ao Terror” (2008), e foi novamente indicada por “A Hora Mais Escura”, filme em que uma agente da CIA lidera a caçada a Osama Bin Laden por uma década até a sua captura. Outro filme interessante, menos visto e também protagonizado por uma policial é “Jogo Perverso”, onde a personagem é uma novata numa caçada a um psicopata obcecado por ela.
“CERTAS MULHERES” (2016), de Kelly Reichardt (aluguel Claro Vídeo e Apple Tv-iTunes)
Um dos principais nomes atuais no cenário do cinema independente americano, Kelly Reichardt tem no filme “Certas Mulheres” talvez um dos melhores dramas que abordam a visão feminina em geral, na história de três mulheres que vêem seus destinos se cruzar numa pequena cidade norte-americana, cada uma com suas particularidades e momento de vida.
“MEU REI” (2015), de Maïwenn (aluguel Looke)
A atriz e cineasta francesa Maïwenn, diretora do ótimo “Polissia” (2011), aborda a questão do relacionamento tóxico através de uma advogada que se acidenta esquiando, e durante sua recuperação relembra a época que se apaixonou e casou com um intenso e instável bon vivant, que lhe trouxe consequências físicas e sentimentais difíceis de cicatrizar.
“ATLANTIQUE” (2019), de Mati Diop (Netflix)
A atriz francesa Mati Diop estréia muito bem como diretora com esse ótimo filme “Atlantique”, vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Cannes, que retrata o cenário social de Dakar e a busca por uma vida melhor de seus habitantes, entre eles um casal apaixonado onde ele planeja fugir do país como refugiado, e ela está prometida em casamento por princípios religiosos para um homem rico da cidade.
“JULIE E JULIA” (2009), de Nora Ephron (HBO Go)
A renomada roteirista Nora Ephron é um badalado nome dentro do gênero dos filmes românticos com fortes personagens femininas nos Estados Unidos, além de bons filmes biográficos. Em “Julie e Julia”, ela aborda a interseção entre o início de carreira de uma renomada chef no passado com o desafio de uma jovem em fazer todas as receitas contidas no primeiro livro da cozinheira.
“MEADOWLAND” (2015), de Reed Morano (Looke e aluguel Claro Vídeo, Google Play)
Reed Morano é uma talentosa fotógrafa que recentemente migrou para a direção, sendo mais conhecida por ganhar o Emmy de direção pelo mais premiado episódio da primeira temporada de “The Handmaid´s Tale”, chamado “Offred”. Em “Meadowland”, sua estréia como diretora de cinema, ela mostra as consequências na vida de um casal um ano depois que seu filho sumiu num posto de gasolina, num intenso drama.
“O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS” (2017), de Sofia Coppola (Telecine Play)
Sofia Coppola conseguiu superar, com todo seu talento atrás das câmeras, a sombra de seu lendário pai cineasta ao ser a terceira mulher indicada ao Oscar de direção por “Encontros e Desencontros” (2003), e aqui em “O Estranho Que Nós Amamos” faz uma releitura feminista da história do soldado ferido que é acolhido em uma escola para garotas na Virginia, onde aquela presença masculina promove ciúmes e traições dentro daquele ambiente.