O desafio de reposicionar a marca do “Esquadrão Suicida” no universo cinemático do DC Universe era um desafio enorme frente ao retumbante fracasso de “Esquadrão Suicida” (2016) frente aos espectadores fiéis a este universo das HQs, mas James Gunn assumiu o projeto enquanto fã confesso dos personagens e entregou muito mais do que qualquer espectador esperaria.
Com certeza a diferença entre os filmes vai para além de um artigo definido à frente do título, ou talvez este artigo ser com uma letra maiúscula represente essa mesma diferença: Gunn entendeu a cosmologia daqueles personagens e conseguiu compor uma mise en scene com muitas conexões aos contextos atuais das relação estrangeiras dos EUA com o restante do mundo através daqueles personagens naquela missão.
A introdução a este novo olhar sob aqueles personagens, seguindo um personagem específico e ainda desconhecido de quem viu o filme anterior até aparecer o título do filme, é o cartão de visitas necessário para as resistências caírem e o espectador embarcar naquela narrativa com exageros mas totalmente sob controle do cineasta.
Sua marca é facilmente reconhecível através da trilha sonora roqueira – uma marca construída nos dois filmes do universo cinemático concorrente – e mesmo assim este “O Esquadrão Suicida” ousa muito mais nas suas interseções sobre política internacional, relacionamentos profissionais e sentimentais, e até mesmo no campo da psicologia, numa brilhante representação imagética do que a psicologia freudiana nos repassa.
Além disso, homenagens a clássicos de filmes de guerra e ação, além de um final apoteótico digno do cinema oriental mais nerd, fazem deste filme um grande entretenimento que também nos apresenta diversas mensagens ao longo de sua narrativa, sem nenhuma forçação ou desleixo, para quem busca significados nos filmes que assiste.
É um filme que fala sério de uma forma bastante divertida, sem se levar muito a sério, e nada melhor que o sarcasmo para encarar com leveza nosso duro dia a dia.