LIARS - THE APPLE DROP (2021)
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A trajetória do grupo americano Liars é extensa, curiosa e até mesmo caótica. Contando com uma discografia de peso (com 10 álbuns no currículo) e chegando a duas décadas em atividade, a banda teve seus grandes momentos de reconhecimento entre mídia e público, como nos discos ‘Drums Not Dead’ (2006), considerado como um dos melhores trabalhos dos americanos e ‘WIXIW’ (2012) que esteve presente na lista de melhores do ano em muitos sites especializados em música. Entretanto, por pouco a banda não se separou, tanto que ‘TFCF’ (2017) foi um álbum que teve a participação de um único membro, o vocalista Angus Andrew, que mesmo assim, decidiu manter o nome da banda.

A sonoridade do Liars também é difícil de descrever, de traçar similaridades ou até mesmo de adotar parâmetros. A cada álbum, novas inserções sonoras são adotadas para nos confundir. Estamos diante de uma banda que nasceu sob a sombra do Pós-punk, porém, amplia as dimensões desse gênero se valendo do uso de experimentalismos e da eletrônica. Em ‘The Apple Drop’ não é diferente. 

O novo disco do Liars volta a ter Andrew junto a uma boa equipe de apoio. Laurence Pike colabora com a bateria e tem formação jazzística, Cameron Deyell é multi-instrumentista e se encaixa bem na proposta da sonoridade dinâmica. Mary Pearson Andrew, a esposa de Angus, complementa o quarteto e traz a ideia de um grupo renovado em sua formação.

‘The Apple Drop’ não deixa de ser um bom resumo de 20 anos de carreira do Liars. Fragmentos de outros trabalhos pairam aqui. Claro, tudo sempre bem repaginado, nunca cansativo ou monótono. Se “Slow And Turn Inward” preza por um clima com base mais acústica, “Sekwar”, por sua vez, traz um sintetizador vibrante e um Angus extrovertido praticamente flertando com Rap e que não se esquece de como as harmonias vocais podem ser importantes para uma canção. “King Of The Crooks”, um dos destaques do álbum, mostra como um Psycho-pop deve ser feito. A sintonia correta entre baixo, percussão e guitarra provam que “Big Appetite”, apesar de simples, é um Rock com poder para levantar a plateia nos shows. 

Característica comum da banda, os experimentalismos sonoros continuam. A insana “My Pulse To Ponder” insere sintetizadores, riffs de guitarra, efeitos, tudo dentro de um bloco maciço sonoro e de forma desestruturada, de propósito. Lembra algo da banda lá do álbum ‘Sisterworld’ (2010). A eletrônica se funde bem ao Pop-Rock de “Leisure War” que traz vocais sutis e uma batida contagiante. “New Planet New Undoings” se deixa guiar por sintetizadores abstratos e os vocais de Angus são quase difíceis de interpretar.

Liars adquire maturidade e ainda mostra forças para avançar por mais uma década. Assim nos faz parecer ‘The Apple Drop’. Renovado em sua formação, permanecendo nas ideias que consagraram o grupo, com a versatilidade e o poder de experimentar a música e suas dimensões, Angus Andrew e sua nova turma não se inquietam tão facilmente.