Avaliação Hybrido
6Nota do autor
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7.0

Onde: Cinemas

O terror da noite de Halloween de 1978, em Haddonfield (Illinois), volta fortemente neste novo filme da saga do mascarado mais sinistro do cinema: o calado, gélido e abominável Michael Myers. David Gordon Green dirige e escreve aqui. Um ótimo nome para filmes de horror, porém se perde um pouco num universo bastante explorado. Green já havia feito o bom “Halloween” de 2018, e agora em 2021 ele busca personagens do clássico de 1978 para tentar produzir esta continuação direta daquele de três anos atrás. Poderia ter terminado em 2018? Sim. Mas Green luta aqui, com seu talento slasher, para poder se sustentar ainda numa narrativa bem repetitiva.

Seguimos Laurie Strode (uma Jamie Lee Curtis, que já foi badass, talvez cansada pra mais um Halloween), sua filha Karen e sua neta Allyson indo ao hospital devido aos acontecimentos do final da obra de 2018. Ela acreditava ter queimado vivo o mascarado silencioso. Obviamente isso não aconteceu. Ele se desvencilha do incêndio e mata uma equipe inteira de bombeiros. O diretor então começa seus erros na narrativa. São inserções intermináveis de personagens novos e alguns trazidos 40 anos após 1978, todos para terem seu “belo fim”, e há também um abuso de diálogos expositivos e que cansam o espectador como: “O mal morre hoje”. Essa frase foi dita várias vezes. Houve risadas da imprensa na sala.

Mas Green sabe filmar o slasher em sua matança, sabe colocar a câmera dentro de olhos furados ou cérebros esfacelados e ainda nos fazer imaginar devido ao imenso realismo de alguns efeitos práticos. Myers de hoje mata demoradamente, ele contempla o que faz, ele fica mais forte, é algo como todo o mal da comunidade de Haddonfield traduzido naquele desumano imparável, que mesmo andando parece ser mais rápido que quem corre.

O diretor é um dos melhores para esse subgênero dos dias de hoje. Aqui ele sugere – num paralelo com nossa realidade – que a sociedade está desgastada, está odiosa e não consegue dialogar entre si, não há espaço. As vítimas do diretor emulam a falta de diálogo do bicho papão Myers. Destaque para a trilha de John Carpenter e seu filho Cody que simula o sintético do clássico setentista durante as divertidas mortes e a caminhada do monstro. Ainda haverá um terceiro ato: “Halloween Ends”, que já está em produção. Resta saber se quem sobrou vivo vai conseguir finalizar de uma vez por todas o mal implacável (nunca morre) que assolava aquele local.