Nos anos 90, ficou bem famoso o gênero “filme de adrenalina”, aquele onde o protagonista tem em seu dia-a-dia alguma prática de esporte radical, e enfiavam uma trama de aventura/thriller para dar uma apimentada já no que os referidos esportes radicais já traziam em sua descrição, tendo o filme “Risco Total” (1993), de Renny Harlin e estrelado por Sylvester Stallone um dos exemplos de maior sucesso desse gênero.
“A Queda” parte dessa premissa, mas num perfil de hobby associado a valores deste século principalmente envolvendo redes sociais, onde uma jovem que perde seu namorado numa escalada, e ainda traumatizada, é convidada por sua melhor amiga para superar esse trauma escalando com ela uma antena desativada de 600m de altura no meio do deserto americano.
Mann faz um feijão com arroz de apresentação de possibilidades futuras de perigo a cada passo das meninas rumo à antena, e consolida tudo no estopim da tensão após elas alcançarem o objetivo, mas a pobreza dramática grita a cada diálogo com pouca eficiência no objetivo central deste tipo de filme (mesmo quando é colocada como mais um obstáculo dramático na jornada da protagonista), que é trabalhar os riscos e medos relacionados a esportes envolvendo grandes alturas, além da questão do isolamento e de como lidar com traumas, este último bem mais satisfatório que os demais na sua abordagem inclusive como virada dramática.
Por fim “A Queda” é uma sessão pipoca que poderia ser melhor se esquecesse pretensões de aprofundar drama e focasse apenas naquilo que um filme envolvendo escalada arriscada se propõe: gerar tensão e medo através da linguagem cinematográfica, algo que por exemplo “Águas Rasas” (2016) faz muito bem e poderia ter sido uma referência mais presente neste longa.