“As Tartarugas Ninja - Caos mutante” (2023), de Jeff Rowe
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9.2

Onde: Cinemas

Em meio a tantas adaptações de super-heróis para o cinema, fica cada vez mais difícil fugir do padrão e criar algo novo e interessante no gênero, como uma aparente fatiga desse tipo de filme parece finalmente estar acontecendo, com o fracasso de ‘The Flash’ e ‘Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania’. Mas, felizmente, a nova versão das Tartarugas Ninja traz a qualidade necessária para se destacar e agradar ao público, se aproximando muito mais do Aranhaverso ao inovar tanto na forma quanto no conteúdo.

Na mais recente versão para as telonas, as Tartarugas são tipicamente adolescentes, com piadas e questionamentos típicos da idade. Ao aproximar os personagens às suas idades e mostrar o começo de suas jornadas como heróis de ação, o roteiro traz frescor e equilibra brilhantemente comédia e aventura. É difícil não se identificar com uma das personalidades, e apesar de não haver muito tempo para desenvolver cada indivíduo, a maneira como eles interagem faz com o público facilmente se identifique. 

No enredo, quatro tartarugas mutantes treinadas como ninjas invejam a vida dos adolescentes humanos e sonham em conviver com eles no mundo real, enquanto são obrigados a se esconder nas sombras. Até que eles precisam confrontar uma mosca mutante que quer acabar com a humanidade e dominar o mundo. Ainda que o roteiro não seja exatamente original, bebendo na fonte de filmes como X-Men, a grande sacada da mais nova versão é justamente dar um coração aos protagonistas, transformar os mutantes em muito mais do que meros instrumentos para cenas de luta. Claramente criado por um fã da série – no caso, o ator Seth Rogen, que produziu o filme.


Enquanto as tartarugas não fogem muito às suas conhecidas personas do desenho animado dos anos 90, dois personagens trazem surpresa aos fãs. April O’Neill, a repórter que sempre funciona como o quinto elemento da turma, ganha uma versão mais jovem, com sua idade coincidindo com as deles. Isso traz algo diferente e torna a personagem muito mais dinâmica e interessante, com novas camadas nunca antes vistas, e um trabalho de voz brilhante da atriz Ayo Edebiri (conhecida pela séria ‘The Bear’). E Mestre Splinter, o sábio rato mutante que treinou as tartarugas e cuidou deles desde pequenos, ganha novas tintas muito mais paternais e afetuosas, com cenas engraçadíssimas e um trabalho excelente do astro Jackie Chan.

O estilo de animação que deixa a produção como uma perfeita história em quadrinhos é a cereja no bolo verde, a perfeita combinação com roteiro e direção inspirados, elenco sagaz e personagens harmoniosos que contribuem para cada detalhe da história. ‘Caos Mutante’ veio para acabar de vez com as decepcionantes versões medíocres produzidas por Michael Bay, e consegue o feito de ofuscar a nostalgia dos filmes originais dos anos 90. É um recomeço quase perfeito que abre as portas para uma nova e esperada franquia das Tartarugas Ninja.