Produzido em segredo pela Netflix e anunciado repentinamente meses atrás, “El Camino: A Breaking Bad Film” é um filme que faz parte do projeto transmídia vinculado à série de grande sucesso na TV, “Breaking Bad”, que terminou em 2013 e deixou muitos fãs, tendo fôlego inclusive para lançar outra série no mesmo universo na mesma Netflix, “Better Call Saul”.
O filme acompanha o destino de Jesse Pinkman (Aaron Paul), o colaborador de Walter White (Bryan Cranston) na série, após o desfecho da mesma. Para isso o diretor Vince Gilligan (criador tanto de “Breaking Bad” como de “Better Call Saul”) faz deste filme uma espécie de jornada de Pinkman por sua redenção pessoal, onde ele busca meios de conseguir uma vida nova após os eventos da série.
O roteiro entrecorta sua história principal com flashbacks que trazem de volta alguns personagens importantes do arco dramático de Jesse Pinkman na série, o que acaba não exigindo muito da memória do espectador caso queira ver o filme sem uma retrospectiva. Neste ponto, essas lembranças do protagonista cumprem muito bem o papel de nos situar no contexto.
Quanto ao arco dramático do presente de Pinkman, o roteiro surpreende com sua simplicidade em apenas dar conta da jornada do protagonista rumo à sua paz interior, afastando fantasmas a cada virada de ato, de forma bem regular e amarrada. A fotografia fica por conta de Marshall Adams, que conduziu a metade da estética elogiada de “Better Call Saul” e aqui mantém o bom trabalho visual,
Além disso, o bom trabalho montador Skip MacDonald (também responsável por grande parte dos episódios de “Better Call Saul”) garante toda a sinergia para manter o controle da narrativa que faz todo o sucesso dos produtos anteriores, e em pelo menos três cenas o filme faz jus ao legado das séries que lhe deu origem.
Aaron Paul volta bem ao principal personagem de sua carreira, mesmo num perfil diferente ao que estávamos acostumados, devido às consequências dos incidentes de “Breaking Bad”, e todas as participações ao longo do filme se mostram necessárias e com finalidade no próprio filme, não apenas fan service.
O filme “El Camino: A Breaking Bad Film” justifica sua existência satisfatoriamente, sem muito brilhantismo, amarrando um destino satisfatório e com a merecida profundidade que Jesse Pinkman merecia, sem o brilhantismo que a série que o origina. Até porque, seria injusto julgar este filme sob o sarrafo de uma das maiores séries de TV da história.