MEUS SOGROS TÃO PRO CRIME, de Tyler Spindel (NETFLIX)
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Nos Estados Unidos, a Netflix vem realizando um movimento de parceria com figuras-ícones, representativas de gêneros cinematográficos. É o caso da parceria de Arnold Schwarzenegger como diretor do departamento de ação e recentemente também o caso da parceria com a Happy Madison, produtora do ator e diretor Adam Sandler, para produção de comédias com o selo original Netflix. É nesse contexto que chegou às plataformas recentemente a aposta das férias da Netflix – Meu Sogros tão pro Crime. Adam DeVine interpreta Owen, um gerente de banco extremamente correto e dedicado ao seu trabalho, que acaba de ficar noivo. Ele nunca conheceu os sogros, que supostamente moram na Amazônia. Por conta do casamento, os sogros aparecem e coincidentemente o Banco no qual ele trabalha é assaltado, com todas as suspeitas apontando para os pais de sua noiva.

Ele começa então a investigar o caso e acaba se envolvendo em uma trama de roubo e ação.

Adam DeVine, Nina Dobrev, Elen Barkin, Pierce Brosnan encabeçam o elenco de uma trama que se pauta no exagero caricato. Com atuações propositadamente exageradas e situações de comédia pastelão, os absurdos são lançados sem o menor compromisso com a veracidade. Completamente cabível (se existisse um certo e errado a ser definido no cinema), mas completamente previsível. Pouquíssima coisa funciona, até mesmo ótimos atores em sua zona de conforto parecem desconfortáveis. Adam DeVine faz o possível e o impossível – literalmente – para tentar segurar a comédia, que mais parece um feijão com arroz sem sal.

A impressão que dá ao assistir o filme é que estamos presenciando uma reunião de pauta na Netflix em que os pontos necessários para se fazer uma fórmula de bolo foram elencados. Até mesmo Pierce Brosnam, que poderia vir a ser uma grande surpresa em uma personagem que lhe dá espaço para brincar, parece que preferiu jogar no seguro.

Para se fazer justiça, há momentos bons e aliviantes e esses vêm de personagem terceiros, que nos fazem desejar por mais tempo de tela. É o caso de Richard Kind, que apesar de fazer o mesmo personagem desajustado e excêntrico que marcou sua carreira em séries como Mad About You e Curb Your Enthusiasm, ainda assim é uma peça importante e certeira para garantia do alívio cômico.

Outra surpresa é a atriz Poorna Jagannathan, que desde a série “Eu Nunca” vem engatando deliciosas personagens.

O filme teria potencial para ser um ótimo e gostoso filme “Sessão da Tarde” ou ainda adotar a qualidade daquele tipo de produção que adoramos não gostar ou gostamos exatamente pela tosquice. Poderia. Não fosse a mesmice e falta de tempero com a qual a produção é tratada. Essa talvez seja a grande problemática de produções cinematográficas com selo original, em que a fórmula “mágica” do algoritmo compromete o desenvolvimento criativo.