A estréia dessa semana na Netflix é a nova empreitada do astro dos anos 80 Eddie Murphy no cinema, no filme “Meu Nome é Dolemite”, que foi muito elogiado em sua exibição no último Festival de Toronto, e conta ainda com Keegan-Michael Key, Craig Robinson, e o sumido Wesley Snipes no elenco.
O filme conta a história real de Rudy Ray Moore (Eddie Murphy), um dos pioneiros do rap que decide buscar a fama como comediante usando como inspiração versos de um morador de rua, assim criando o personagem Dolemite, que cruza o país em performances. Porém, em dado momento, Moore decide que Dolemite só ficará imortalizado se ganhar as telas de cinema, e assim corre atrás para produzir um filme dele junto com amigos e colaboradores.
Craig Brewer, que estreou em longas-metragens com o bom “Ritmo de um Sonho” (2005), que contava outra história de um protagonista em busca do sucesso, aqui em “Meu Nome é Dolemite” ele apela pro talento de Murphy e constrói uma comédia que ao longo da evolução de sua narrativa, se transmuta para uma homenagem ao cinema.
Neste ponto, não é coincidência que os roteiristas Scott Alexander e Larry Karaszewski sejam também os responsáveis pelo roteiro de “Ed Wood” (1994), e conseguem transpor boa parte desse humor e de sentimento dentro da história, construindo além de um grande protagonista excelentes coadjuvantes, como Lady Reed interpretada pela talentosa Da´Vine Joy Randolph, e o esnobe diretor D´Urville Martin, interpretado por um inspirado Wesley Snipes.
Mas o centro das atenções é mesmo Eddie Murphy, onde constrói com talento o nascimento do personagem criado por Rudy Ray Moore, e realiza um Dolemite que foge do mimetismo e consegue usar parte de nossa memória nostálgica de outros trabalhos do ator na composição de um personagem que igualmente busca retomar seu espaço no mundo da fama.
“Meu Nome é Dolemite” acerta muito por ir além da comédia desbocada, trazendo sentimento e ternura na história do protagonista e seus amigos, numa narrativa bem amarrada, e é um filme tecnicamente caprichado, com ótimo design de produção, e figurinos criados pela última vencedora do Oscar, Ruth E. Carter, sendo assim uma das melhores comédias da temporada no cinema.