Avaliação Hybrido
5.5Nota do Autor
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8.9

Os irmãos Russo ganharam um enorme impulso na carreira abraçando o segundo filme do Capitão América no universo cinemático da Marvel, trazendo um tom de gênero policial à jornada, que propiciou a eles posteriormente a cadeira do comando dos principais filmes desta saga. Porém, a fama autoral de toda aquela cosmologia recai sobre o produtor Kevin Feige, pois raramente um filme da Marvel funciona sozinho sem outros como estepe.

“O Agente Oculto” talvez seja a primeira oportunidade dos cineastas mostrarem que são algo além do MCU, mas desencaixa quando ignoram a unidade conceitual de um filme de ação básico, tentando sobrepor suas opções autorais para além do que aquele raso arco dramático pode oferecer – que é apenas o puro e básico entretenimento, e que não é pouco se refletirmos com a cabeça arte sobre como o cinema pode apresentar diferentes aspectos de sinergia com espectador através de gẽneros.

Fora duas grandes cenas de ação ao longo do filme, “O Agente Oculto” não abraça totalmente a pieguice e todo o aspecto que beira o fantástico dadas as situações onde o protagonista Sierra 6 é colocado dentro da caçada humana que sofre ao longo da narrativa pelos seus superiores através de mercenários pelo mundo. Os Russo tentam sempre puxar a jornada para o escopo de “filme de ação realista” das lutas objetivas e pouco plásticas do novo cinema de ação trazido pela saga de Jason Bourne, e muito bem sucedida por John Wick e a nova roupagem de Ethan Hunt.

Porém, a narrativa rasa do filme (e um tanto arrastada em seu último ato) não traz um personagem carismático para conduzí-la como os demais citados, mesmo com o esforço cômico de Ryan Gosling tentando trazer o público para o seu lado, e apesar da péssima presença de Chris Evans como seu algoz, num esforço irritante de fazer de seu personagem algo relevante que nunca ameaça ser mesmo com suas atitudes bizarras na caçada ao protagonista.

Provavelmente “O Agente Oculto” satisfaz bem a bolha de cinema de ação do algoritmo da Netflix, mas deixa muito a desejar ao pensar no filme enquanto realização cinematográfica. Talvez os irmãos Russo possam mostrar melhor seu cinema não almejando o reconhecimento autoral que venderam a eles que tinham, e dando um passo atrás no caminho simples de serem cineastas de entretenimento, como tantos outros já reconhecidos.