“O batedor de carteiras” (1959), de Robert Bresson
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Conhecido por um estilo contemplativo na forma de operar suas obras, o clássico cineasta francês, Robert Bresson, além de dirigir, escreve o atemporal e aclamado “O batedor de carteiras”. Um filme singelo, frio, muito bem montado, e que rabisca alguns conceitos sobre moralidade. Quando grifo frio, é pelo fato de que há sequências em que os personagens de Bresson não esboçam variadas emoções.

Bresson tem em seus atores observadores intimistas da vida mundana dos grandes centros, como a linda estação de Lyon (Gare de Lyon), em Paris. São inabaláveis, insensíveis. Um tema recorrente em sua filmografia é a religião. Aqui este tema aparece rapidamente, mas ele dá lugar mesmo à moralidade.

Martin LaSalle, em sua primeira atuação no cinema, é Michel, um modesto e esperto batedor de carteiras que vive de furtos dos mais variados tipos pela capital francesa. Michel ama sua mãe, uma mulher bem doente, mas evita o contato com ela devido a um orgulho imenso. Por vezes, ele deixa algum dinheiro à mãe por meio da vizinha e cuidadora Jeanne (uma gélida Marika Green), em quem Michel enxerga uma iminente remissão.

Bresson brinca com a câmera em close-ups ao exibir minuciosamente as sequências diversas de um ágil e astuto Michel e de seus companheiros de crime. Uma dança bem orquestrada. A montagem genial e sucinta faz a película ser curta e contar tudo em apenas 76 minutos. O diretor usa bem a incidência da luz para transmitir precisamente a noção de certo e errado. Vale analisar um dos maiores filmes de todos os tempos: a profunda dramaturgia – de responsabilidade e salvação – de Bresson leciona para todo sempre.