Estréia da semana na Netflix, “O Rei” é o novo filme do diretor australiano David Michôd, o mesmo do ótimo “Reino Animal” (2010) e “A Caçada” (2014), e o segundo em parceria com a produtora, após o fraco “War Machine” (2017).
A história é centrada no príncipe Hal (Thimotée Chalamet), filho mais velho do Rei Henry IV (Ben Mendelssohn) que, após este falecer, assume o trono como Henry V em meio a disputas domésticas na Inglaterra e com suspeitas de ameaças de guerra com a França, intrigas políticas e questões próprias de lidar com um poder que nunca desejou.
Michod escreveu o roteiro junto com Joel Edgerton, que aqui faz o melhor amigo de Hal, Sir John Fasltaff, e o texto se inspira vagamente nas peças de Henriad de Shakespeare, o que fica claro nos diálogos e nas aparições principalmente do protagonista.
Thimotée Chalamet vai muito bem como o vacilante Rei Henry V, e incorpora bem o perfil shakespeariano do seu personagem, com fidelidade ao texto e bastante contribuição na parte física que o personagem exige emocionalmente e nas batalhas.
Além dele, temos várias ótimas performances coadjuvantes, como Edgerton, Sean Harris (Chefe de Justiça William) e Robert Pattinson (Delfim da França), a narrativa é bem fechada e equilibrada, e a boa tuação do elenco colabora com os bons e rebuscados diálogos
Com excelente trabalho visual de figurino, cenografia e fotografia, com ótimas e pontuais cenas de batalha (cruas e sujas, se aproximando mais de uma estética realista), e uma trilha sonora bem encaixada do ótimo Nicholas Britell (o mesmo de “Moonlight – Sob a Luz do Luar” e da série da HBO “Succession”), o filme entrega um bom produto pros fãs de filmes de época graças a mais um bom trabalho de David Michôd.