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2018 foi um ano brilhante no cinema nacional brasileiro, e “Paraiso Perdido” está entre o que de melhor foi produzido no Brasil neste ano, um melodrama de dar água na boca aos fãs desse gênero, bastante referenciado no cinema de Pedro Almodóvar.

A história gira em torno do clube noturno Paraíso Perdido, gerenciado por José (Erasmo Carlos), e movimentado por apresentações musicais de seus herdeiros. Aquela realidade é afetada pela presença do policial Odair (Lee Taylor), que é contratado para fazer a segurança do jovem talento Ímã (Jaloo), neto de José e alvo de ataques homofóbicos, e acaba se envolvendo com os laços familiares presentes no Paraiso Perdido.

Gardenberg cria um universo bem particular naquele ambiente de clube noturno, e a opção pela música brega dá um interessante recheio às costuras melodramáticas construídas pelos bons perfis de personagens, mesmo os com tempo reduzido de tela, e mesmo tendo uma fluência um pouco comprometida nos diálogos.

Acompanhamos na história a imersão de Odair naquele mundo, e vamos juntos com sua metamorfose e suas descobertas, mesmo que a conclusão seja um pouco confusa pelo excesso de personagens e suas pontas a serem fechadas, mas longe de comprometer o ótimo longa, que também possui uma fotografia exuberante e um design de produção que casa muito bem ao universo do melodrama almodovariano construído pela diretora.

E por fim, todo o elenco merece destaque com suas atuações, em destaque Julio Andrade como o ressentido e sensível Angelo, e Jaloo, que além de suas ótimas performances no palco durante as suas intervenções musicais, demonstra bastante conforto nas cenas dramáticas, dando potência ao núcleo GLBTT da trama em sua relação conflituosa com um cliente da casa, vivido por Humberto Carrão.

Em tempos de obscuridade em torno do futuro do cinema nacional, é importante destacar o que é produzido por aqui, e “Paraíso Perdido” é uma boa porta de entrada para desmistificar tudo de mal que dizem do cinema nacional, que atualmente vai bem, obrigado (o júri de Cannes esse ano que o diga!).