“Pearl” (2022), de Ti West
8.5Pontuação geral
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9.4

Onde: ainda nos cinemas e logo na amazon prime

 

Pearl, novo filme do diretor de terror cult Ti West, funciona como uma espécie de prólogo de X, sua produção anterior. Transportados para 1918, dessa vez acompanhamos a origem da personagem-título e como ela se transformou na psicopata que dizimou um grupo de artistas pornô na primeira parte. Vivendo em uma fazenda com uma mãe abusiva e um pai doente, ela sonha em ser uma estrela enquanto espera o marido voltar da guerra ao mesmo tempo em que se encanta por um projecionista do cinema local.


Em sua nova obra aterrorizante, o diretor apresenta uma espécia de versão doentia do clássico O Mágico de Oz. A estética é inconfundível, das cores vivas e brilhantes à maneira como os créditos foram desenhados. Pearl é uma jovem inocente que vive em uma fazenda e usa seu cabelo em duas tranças, praticamente uma imagem espelhada de Dorothy. E muitas outras referências são apresentadas no decorrer da história – um espantalho, um machado e até a bicicleta da protagonista. Mas, ao contrário da fábula lançada em 1939, não há fantasia nessa versão – apenas abuso psicológico e horror.

Mia Goth retoma seu status de musa do terror alternativo ao encabeçar o elenco impecável, em uma atuação assustadoramente perfeita. Ela é acompanhada de Tandi Wright, que traz um realismo impecável no papel da mãe e Matthew Sunderland, cujo personagem concentra sua atuação em olhares e ruídos agonizantes. David Corenswet se apaga diante dos três, mas serve como imagem de par romântico extremamente bonito e charmoso o suficiente para balançar o coração doentio da jovem.

O diretor constrói um filme incrivelmente superior ao primeiro e o ritmo lento da história funciona como suspense para um público que, graças à conhecida história posterior, sabe o que esperar – mas não quando. Essa é a grande sacada de um suspense que deturpa os clichês positivos e nos transporta para a mente aterrorizante de uma jovem prestes a sucumbir à própria psicopatia, e os elementos que a levam ao abismo.

Para os fãs de terror exclusivamente dinâmico e intenso, Pearl não é a melhor opção. Mas para quem sabe apreciar artifícios paradoxais em uma narrativa meticulosamente crescente, as cenas grotescas, nojentas e sangrentas em meio ao cenário bucólico são uma ótima pedida.