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Sylvester Stallone é um astro do seu tempo, mas que insiste em continuar mesmo que sob outra roupagem. Ele estar num filme de herói da DC chamado “O Samaritano” não deixa de ser um bom disfarce pro que realmente Stallone quer passar com este filme – e seu carisma dá conta, pelo menos, do entretenimento na história de um garoto que acredita que seu vizinho é um herói dado como morto há anos, chamado “O Samaritano”.
Com a consciência que aqui maiores informações sobre sinopse ou conteúdo do filme podem afetar diretamente a experiência do espectador – principalmente numa importante virada para a reta final, que passa um ótimo contexto para tudo que vimos até ali, podemos primeiramente elogiar o universo criado na cidade fictícia de Granite City, que além da atmosfera suja de um futuro sem esperanças traz uma carga dramática interessante para o conceito de herói e vilão num contexto real.
A carga antagônica da mitificação de um herói como instrumento de solução coletiva é bem interessante dada a atual overdose do conceito do super herói das grandes franquias de cinema. Aqui em “O Samaritano”, o diretor adota sim uma fórmula básica de blockbusters – o protagonista mirim que via sua ideologia reacende a chama heróica daquele que ele idolatra – mas num propósito final mais interessante, dado a conjuntura atual de mundo – e nada mais hollywoodiano do que filmes serem retratos de contextos históricos.
Porém se há ousadia na premissa, o filme escorrega na entrega de uma profundidade dramática para explorar esse campo aberto. Apesar do carisma de Stallone e do ingênuo protagonista interpretado pelo ótimo Javon Walton (irreconhecível para quem o conhecia como o Ashtray da série “Euphoria”), o restante é bem distante dentro dessa proposta de mise en scene descrita, com um antagonista que arranha uma finalidade forte, mas no final soa como apenas um deboche perto do que a discussão herói/vilão no filme propõe, com seus exageros nostálgicos para os fãs de cinema de ação oitentista.