Lenny Abrahamson é um cineasta em ascensão, que após o bom drama indie “Frank” (2014), foi indicado ao Oscar de melhor direção em seu trabalho posterior, “O Quarto de Jack” (2015). Aqui, Abrahamson se arrisca no terreno do horror psicológico com “The Little Stranger”.
Dr. Faraday (Domhnall Gleeson) é um médico renomado num pequeno vilarejo inglês, de infância pobre. Convocado pela família Ayres para cuidar de Roderick (Will Poulter), que possui grande parte do corpo queimada da guerra.
Faraday acaba relembrando seu fascínio desde a infância pela mansão dos Ayres, família aristocrata de peso que se fragmentou após a morte precoce de uma das filhas de Mrs Ayres (Charlotte Rampling), e acaba se apaixonando pela outra filha dela, Caroline (Ruth Wilson), mas aos poucos fatos estranhos passam a ocorrer na mansão dos Ayres.
A abordagem de Abrahamson na construção do clima que o gênero exige é lenta, discreta e pavimentada, porém evita utilizar de muitos elementos narrativos que trouxeram a grande popularidade aos filmes de horror, sendo assim um filme difícil e complexo demais, com entregas insatisfatórias no último ato.
O design de produção é caprichadíssimo, assim como o trabalho de som nas cenas dentro da mansão, necessários para construir minimamente um clima fantasmagórico naquele cenário. A fotografia usa e abusa do cinza e pastel para criar o universo parado no tempo da casa, assim como a vida monótona do protagonista (que acaba contagiando a história toda).
Domhnall Gleeson até se esforça para ser o protagonista que a história exige, mas não encontra espaço para um bom trabalho, diferente de Ruth Wilson, que tem mais espaço e não aproveita o que a personagem poderia lhe oferecer, contribuindo assim para a irregularidade do filme.
“The Little Stranger” é um filme que cozinha as expectativas e entrega uma conclusão que impacta apenas para os espectadores muito atentos, mas exigiria para a maioria uma boa revisão para satisfazer toda a projeção criada até ali, o que decepciona um pouco.