UMA FADA VEIO ME VISITAR
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Após quatorze anos afastada, Xuxa retorna às telas com tudo.  Depois de surpreender a todos ao destrinchar seu passado em frente às telas no impactante “Xuxa, o documentário” (disponível no Globoplay), ela agora retoma suas atividades ficcionais.

“Uma fada veio me visitar” tem o roteiro adaptado da obra de mesmo nome da escritora Thalita Rebouças (que assina o roteiro ao lado de Patricia Andrade) e conta a história de Luna (Tontom Perissé), uma adolescente que está na fase de rebeldia. Ela está indo mal na escola, se sente deslocada e seu diálogo com os pais não anda dos melhores. Uma noite, ela recebe a visita de Tatu (Xuxa), uma fada bem atrapalhada, que tem a missão de tornar Luna melhor amiga de Lara (Vitória Valentim), a menina mais popular da escola.

Apesar de ter mais de mil anos, Tatu esteve dormindo por três décadas. Sua última missão foi nos anos 80, motivo pelo qual ainda carrega fortemente toda influência e referência dessa década, e vai precisar da ajuda de Luna para se adaptar aos dias atuais.

Esse é o pano de fundo que serve para Xuxa brincar com diversas personagens icônicas dos anos 80 – inclusive e principalmente consigo mesma.

De maneira inteligente, o roteiro permite que Xuxa resgate a nostalgia dos anos 80 interpretando personagens famosos e queridos como Cyndi Lauper, Madonna, Angélica e She-Ra. Além de explorar de forma leve os momentos incônicos que marcam sua carreira – na frente e atrás das telas – como a cena de Lua de Cristal que sua personagem faz “si-fu-xi-pá”  ou memes que movimentaram sua carreira, como o famoso “Senta lá, Claudia”.

Por trás de tantas referências e momentos que acalentam o coração de qualquer baixinhe fã de Xuxa, o filme não se prende somente a isso, de forma que ele consegue expandir seu alcance, tratando de temas como aceitação – tanto através do arco de Luna e Lara,  que tem de ultrapassar suas diferenças para se aceitarem e se ajudarem, bem como, no arco entre Tatu e Luna, que também devem se aceitar e se ajudar para trabalharem juntas.

No fim, o filme não se perde focando na nostalgia do retorno da inocência infantil, mas  a utiliza esse mecanismo de forma inteligente, como uma abordagem divertida das complicações inerentes à vida adulta e ao convívio em sociedade, focando em um tema essencial – a empatia.

Em época de liquidez de relacionamentos e conexões, advindas em grande parte da nossa relação como sociedade na era digital – que trouxe diversas facilidades e possibilidades de conexão, mas ao mesmo tempo, também proporciona a desconexão, cancelamento, exclusão, a empatia se torna um assunto de importância vital.

Não estou dizendo que “Uma fada veio me visitar” seja diretamente politizado e incisivo neste aspecto, mas sim, que acerta em um discurso importante de aceitação e, de forma subjetiva e lúdica, amplia a reverberação do que se propõe. Além de garantir bons momentos a todos – aquecendo o coração dos fãs e convidando novos fãs a embarcar nessa “nave” de coisas boas.