Onde ver: HBO Go
7Nota da Hybrido
Votação do leitor 14 Votos
6.5

Neste último domingo enfim se encerrou a série mais comentada, falada, elogiada e odiada dos últimos anos, com números altíssimos de audiência pelo mundo todo. “Game of Thrones” se despediu com controvérsias esperadas entre seus fãs mais ardorosos, tendo que fechar pontas narrativas e arcos complexos de personagens em poucos episódios por decisão de seus próprios showrunners.

Os desdobramentos da chacina flamejante de Daenerys Targaryen em King´s Landing, matando centenas de civis, são logo tratados com o longo expiamento de culpa do seu conselheiro Tyrion Lannister ao longo de sua caminhada em direção à Fortaleza Vermelha para constatar a morte de seus irmãos por soterramento, e logo após testemunhar junto a Jon Snow o discurso tirânico de vitória de Daenerys frente aos seus soldados, com Tyrion abrindo mão de seu cargo e sendo condenado á morte por sua traição ao libertar o irmão no episódio anterior.

Já Jon Snow viveu sua trajetória de incredulidade a tudo que estava vendo após a vitória de Daenerys, com execução de soldados rendidos, a condenação à Tyrion e a iminente ameaça que ele representa à Daenerys por sua linhagem recém-descoberta que lhe daria direito ao trono, e ao risco indireto que sua irmã Sansa passaria a correr por se recusar a reconhecer Daenerys como Rainha dos Sete Reinos. Sua conversa de cativeiro com Tyrion expôs que existiam poucos caminhos para se evitar mais mortes em nome do trono que não fossem neutralizar o autoritarismo de Daenerys, e sua morte foi de certa forma surpreendente por se dar em meio a um momento amoroso entre ela e Jon.

A elipse entre esta execução de Daenerys e o efetivo julgamento de Tyrion pelos representantes de outros reinos nos omitiu de importantes momentos dramáticos para este desfecho, como por exemplo em que termos Jon Snow foi preso após assassinar a rainha, e como ele não foi executado de acordo com o modus operandi dos Imaculados na ocupação à King´s Landing. A reação de Drogon ao assassinato de sua mãe se agradou na sua forma metafórica de rejeitar aquele local ao derreter o Trono de Ferro, careceu de melhores detalhes sobre sua reação de deixar aquele local carregando Daenerys morta.

A escolha de Bran como novo rei, fundamentada por Tyrion com o objetivo de criar um grande acordo pacífico entre os reinos de Westeros, se mostrou coerente pelo talento do garoto absorvido como sucessor do Corvo de Três Olhos, tendo todo o conhecimento da história e dos desdobramentos de atos do passado no quase colapso do presente. Esperava que mais Reinos reivindicassem sua independência além de Winterfell, de forma a ilustrar como a centralização de poder em Westeros virou cinzas após o massacre de Daenerys, mas o desfecho enquanto acordo consensual para evitar mais guerras após uma grande tragédia foi resumidamente satisfatório frente ao contexto desenhado para a série em seu desfecho.

A partir deste momento, a narrativa se torna agridoce ao se debruçar no destino de seus principais personagens após a confirmação do novo rei, e todos os destinos se mostraram coerentes, determinando um fim de arco coerente com o que a série nos apresentou, mesmo com a correria nestas temporadas finais. Como toda série com milhares de fãs, nunca os desfechos serão 100% satisfatórios pela cultura iconoclasta vigente, e se as temporadas finais foram aceleradas de forma desnecessária por um lado, por outro os autores conseguiram amarrar bem os destinos de seus principais personagens, com as pontas soltas sendo apenas de momentos pouco vitais ao resto da série.

(Em breve veja aqui um artigo analisando a série como um todo, com um saldo do que avaliamos sobre “Game of Thrones”)