Avaliação Hybrido
8Nota do Autor
Votação do leitor 1 Voto
8.6

Temas apocalípticos-ambientais não são novidade no cinema de M. Night Shyamalan. Principalmente envolvendo o desconhecido e fantasia, e aqui envolve o uso do gênero de invasão domiciliar para impor a problemaica central do filme: a quanto os indivíduos se dispõem a sacrificar suas vidas em prol do bem coletivo e maior? O microcosmo da cabine pode ser facilmente indentificado como uma bolha a ser furada pelas quatros figuras misteriosas que invadem o imóvel e impõem o desafio a um casal gay e sua filha adotiva.

A troca de ensinamentos e lições na introdução do filme que envolve a captura de gafanhotos se torna um ótimo ponto de partida para um tenso diálogo entre o ceticismo e o fantasioso, que poderíamos reproduzir em qualquer esfera social, inclusive a de análise de filmes.

Se no início o personagem de Dave Bautista aconselha que a criança insira um novo gafanhoto com cuidado para não agitar os demais, o mesmo não se aplica na inserção do grupo de indivíduos naquele ambiente familiar representado pela casa, com humanos sendo aprisionados num ambiente restrito e observado por gafanhotos ali pela metade do filme.

Entrecortado por flashbacks que tentam inserir contexto para as reações e manifestações do casal detido em seu próprio lar – e não são muito abrangentes para o nível de profundidade que o debate central impunha – a narrativa se demonstra pobre e totalmente resgatada pelo domínio de Shyamalan em transformar clichês e conflitos banais em exercícios formais de enquadramentos e ritmo para qualificar aquela mise en scene até certo ponto mais teatral.

O filme é finalizado com um didatismo desnecessário e uma reviravolta dramática repentina em um dos personagens-reféns que reflete mais a pobreza do contexto originário do filme do que todos os maneirismos que Shyamalan busca construir para “Batem à Porta” cumprir plenamente o que um excelente filme precisa – mas infelizmente bate na trave.