OLDBOY, clássico dirigido por Park Chan-wook reestreia nos cinemas em versão restaurada e remasterizada
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Obra prima dirigida por Park Chan-wook, o filme coreano OLDBOY, originalmente lançado em 2003,  reestreia essa semana nos cinemas de todo o país, a partir de 14 de setembro de 2023.

Em 2002 Park Chan-Wook lançava Mr. Vigança, o primeiro filme de sua “Trilogia da Vingança”. Mas foi seu segundo filme – OLDBOY – que fez com que seu nome entrasse definitivamente para a história do cinema, se tornando um clássico, por diversas razões.

Adaptado do Mangá, o filme conta a história da vingança de Oh Dae-Su (Choi Mim-sik), um homem irresponsável e bêbado, que dá trabalho à família e amigos. Após uma noite de bebedeira, ele é preso e começa a causar confusão na delegacia. Quando é liberado por seu melhor amigo, desaparece sem deixar vestígios.

Descobrimos então que Oh Dae-Su foi mantido preso durante quinze anos – sem que o motivo ou o responsável seja revelado – tanto ao público, quando ao próprio personagem. Quando ele sai da prisão, tem uma única determinação: a vingança. O problema é que ele não sabe sequer contra quem seu ódio e vingança são destinados.

O diferencial de OLDBOY já começa por essa falta de informação, que coloca e sustenta durante o filme, o espectador em uma relação horizontal com o protagonista. Acompanhamos os absurdos aos quais ele é submetido, sem  qualquer indício, assim como para o protagonista, do por quê ou por quem.

Através de uma força motora que guia e cega o personagem – a vingança – o diretor avança para discussão de temáticas profundas, humanas e instintivas como ódio, amor, moral, empatia, julgamentos e responsabilidade. Durante esse percurso que fazemos junto a Dae-Su, a complexidade humana é posta em xeque, fazendo com a gente se coloque a todo momento no lugar do protagonista e assim como ele, questione suas escolhas. A reflexão reverbera para os demais personagens quase como se fosse um espelho, em que ninguém foge de ter sua imagem refletida. O efeito borboleta é elevado ao cubo, já que o menor dos atos pode disparar uma teia de consequências imprevisíveis.

Toda essa complexidade vem permeada de muita, muita ação e violência. A violência psicológica que se traduz para a violência física, com cenas de luta impressionantes e muito bem elaboradas, de deixar muitos filmes de ação com efeitos especiais lambendo sorvete.

Devo citar – a título de conhecimento – que há uma versão americana, “Old boy – dias de vingança”, filme de 2013 dirigido por Spike Lee. Com todo o respeito que tenho a Spike Lee, a versão americana só reforça e reitera a conclusão de que, apesar da narrativa de OLDBOY ser impressionante por si, a influência da crueza, audácia e talento de Park Chan-wook são essenciais para que o filme se torne voraz, vide a clássica cena em plano sequência da luta no corredor.

Essa nova versão do filme foi supervisionada pelo próprio Park Chan-wook, a partir do negativo original 35mm e nada mais é do que um filme imperdível, que merece ser visto na telona, para (re)viver essa provocação que só filmes com essa complexidade apurada conseguem causar.