Cadu MouraClint Eastwood é um cineasta impressionante pela sua longevidade no exercício de seu cinema, porém há tempos não entregava uma obra de sensibilidade como “A Mula”, seu último projeto, protagonizado por ele mesmo.
A história de Earl Stone (Eastwood), um floriculturista de quase 90 anos que tem graves problemas financeiros e de relacionamento com seus familiares, que recebe a tentadora proposta de servir de transportador de drogas para o cartel mexicano, e com esse dinheiro tentar resolver todos os seus problemas, mas que trazem graves implicações.
O cineasta usa dessa abordagem policial para nos transportar numa jornada sensível sobre a terceira idade, arrependimentos, amargura e possíveis segundas chances, construindo nos ombros de seu protagonista todo esse amálgama de sentimentos e contradições ao longo de cada entrega carregada de tensão e perigo, o que no final casam bem enquanto narrativa.
Tecnicamente o filme é bem feito e passa sua mensagem, com algumas derrapagens de conceito social pelo caminho, mas nada que comprometa a visão geral da produção e a mensagem que pretende passar com a jornada de seu protagonista nos últimos anos de vida ainda em busca do sonho americano que nos é apresentado aqui como uma farsa.