Cadu MouraA segunda temporada da série “Big Little Lies” terminou no fim de semana passado, e deixou marcas profundas na série desde a produção conflituosa até mesmo na evolução de cada personagem em seus respectivos arcos dramáticos.
Esta temporada retoma a história quase um ano depois do incidente no fim da 1ª temporada envolvendo Madeline, Celeste, Jane, Renata e Bonnie na morte do abusivo marido de Celeste, Perry, e já com a presença da mãe deste, Mary Louise, interpretada por Meryl Streep, no dia a dia de Celeste e seus filhos, e desconfiada sobre a versão defendida pelas cinco mulheres perante à polícia sobre a morte de seu filho.
O arco dramático dessa temporada não foi bem equilibrado como o da primeira, concentrando muito as atenções em Bonnie, pela questão da morte de Perry, e Celeste, principalmente pela inserção de Mary Louise na sua vida e perante o segredo que ela e as amigas escondem.
As demais são ou diluídas pela pouca importância de suas questões dramáticas para o eixo central da série (Madeline), ou transformadas em alívio cômico para a série (principalmente a personagem Renata), ou ainda são pouco aproveitadas mesmo tendo importância dramática em parte do eixo central da série (Jane).
A direção de Andrea Arnold segue o padrão estético da primeira temporada, mas a intervenção dos produtores denunciadas na imprensa, ocorridas na pós-produção, é notória ao analisar por exemplo a montagem dos episódios, ou a irregularidade da linha narrativa adotada.
O elenco excelente salvam cenas com suas grandes interpretações, a se destacar Nicole Kidman e Laura Dern, além é claro de Meryl Streep, que compõe uma personagem muito densa nos mínimos detalhes de sua composição como a mãe enlutada que não admite que o filho tenha sido um homem mau. Mas o peso necessário que teve que ser dado à Bonnie de Zoé Kravitz exigia talvez uma atriz mais encorpada e experiente, sendo mais um ponto fraco da temporada.
Com texto bem mais fraco e expositivo do que o da primeira temporada (talvez por não haver mais um material literário para se apoiar, mesmo incluindo a autora do livro como roteirista), essa segunda temporada deixa claro que a falta de planejamento de tornar uma série limitada em série episódica prejudicou o conjunto total do material, e assim rebaixa um produto que seria primoroso se mantivesse seu perfil traçado originalmente com a ótima primeira temporada sendo a única.