Onde ver: Cinema
8.5Nota da Hybrido
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Segunda experiência do ator Edward Norton como diretor de longa-metragem (a primeira foi o filme “Tenha Fé” (2000)), “Brooklyn: Sem Pai Nem Mãe” é a adaptação do romance homônimo escrito por Jonathan Lethem e um projeto de anos do ator para chegar ás telonas.

A história acontece na Nova York dos anos 50, onde um solitário detetive que possui a síndrome de Tourette, Lionel (Edward Norton), se dedica a investigar a morte de seu colega de trabalho e único amigo, Frank Minna (Bruce Willis), ocorrida durante uma sigilosa investigação deste que envolve o alto escalão da política da cidade.

Também responsável pelo roteiro, Norton se inspira no gênero noir para construir sua narrativa, estruturada através de signos e informações que vão se organizando através dos atos, da mesma forma que funciona, conforme o protagonista descreve, a mente de alguém com a síndrome de Tourette – e com uma curiosa informação metáforica que junta as peças no último ato e conclui a investigação de Lionel.

Num filme com vários personagens e trama intrincada de mistério, seria fácil a trama se perder mas Norton consegue juntar tudo de forma segura sem deixar o ritmo cair, mesmo que avance a história de forma mais cadenciada aos moldes que o gênero exige, reforçando a estética caprichada com os ótimos figurinos e design de produção.

Norton também brilha como o complexo protagonista, conseguindo traduzir com naturalidade as situações de constrangimento social que as pessoas que possuem a síndrome de Tourette sofrem no dia a dia, e carregando a amizade genuína e até certo ponto ingênua que seu personagem tem pelo amigo assassinado.

Podemos também destacar, em menor escala, o trabalho de Alec Baldwin, que vive o poderoso Moses Randolph de forma sóbria e imponente como um grande vilão exige, fugindo de seu recente padrão cômico de interpretações, e que o roteiro reserva um bom monólogo final que resume bem o contexto político de Nova York naquela época.

“Brooklyn: Sem Pai Nem Mãe” se referencia de forma bem sutil a clássicos do gênero como “Chinatown” (1974), mas sem ousadias ou riscos. É um filme muito bem equilibrado, estruturado de forma impecável, e que compele o espectador a ir com seu protagonista até a sua boa conclusão, sem excessos ou devaneios.