CLUBE DOS VÂNDALOS, dir. Jeff Nichols
6.8Pontuação geral
Votação do leitor 2 Votos
9.2

Os anos 60 tem como referência a busca pela liberdade, o movimento hippie, a contracultura. Os motociclistas, através da sensação de liberdade proporcionada pelas estradas, se tornaram figuras emblemáticas desta época. O hype do estilo de vida deles veio pós lançamento do filme Easy Rider (1969), nos Estados Unidos, que trouxe para o cinema, além da vida alternativa dos motociclistas, outros assuntos até então pouco abordados nos filmes.

“Clube dos Vândalos” mergulha na história da formação de um dos grupos mais famosos de motociclistas dos Estados Unidos – os Outlaws (Os fora da leis).

A história se baseia em fatos verídicos, narrados no livro do jornalista Danny Lyon, que acompanhou o grupo durante os anos iniciais de sua formação e conviveu com eles, documentando, entrevistando e tirando fotos.

Ao contrário do livro, a narrativa do filme se inicia anos depois da formação do grupo original, quando o nome “Outlaws” e o estilo de vida proposto pelo grupo já haviam se espalhado de forma incontrolável pela América, com incontáveis filiais, e deixado de ser apenas um grupo em busca de união para se tornar sinônimo de violência, drogas e subversão.

No filme, Danny (Mike Faist), agora jornalista formado, retorna a Chicago para reencontrar os membros remanescentes do grupo original e descobrir o que aconteceu com eles.

Através de flashback, o filme traça um panorama deste fenômeno motociclista, retratando desde a formação do grupo até sua dissipação.

Quem narra a história é Kathy (Jodie Comer), esposa de Benny (Austin Butler), braço direito do fundador do grupo, Johnny (Tom Hardy), que revisita a trajetória do grupo – sob seu ponto de vista.

Ou seja, em meio a um ambiente que exala testosterona, o protagonismo feminino tem destaque, ultrapassando a função narradora e assumindo uma função crítica.

Kathy é uma personagem central da trama porque estabelece e personifica o misto de emoções, como deslumbramento e insegurança diante do desconhecido, do clima de descoberta, que pairava no ar à época. Se por um lado ela já mais velha, critica de forma cirúrgica todos os membros do grupo – inclusive seu marido e a si mesma – por outro, ainda que não deseje, guarda grande afeto por eles.

Com extrema sinceridade, ao contar a história do grupo, ela oscila entre o afastamento crítico da análise e a aproximação gerada pela vivência.

Em determinado momento, ela diz: “eu já fui uma pessoa de respeito”. A dicotomia de seus sentimentos e intenções se expande para os demais personagens, ao passo em que todos os personagens centrais, responsáveis pelo início do grupo, estão em constante questionamento.

Johnny, fundador do grupo, é casado, possui duas filhas e um emprego fixo. Com a formação do grupo, ele vê a coisa se tornando algo muito maior que um dia ele esperava e fica inseguro quanto ao futuro e a deturpação daquilo que ele criou.

Descobrimos que a grande maioria dos membros, ainda que seu machismo a impeça de assumir, se juntou ao grupo em busca de aceitação, advinda de ambientes ou situações de rejeição. Um clube dos rejeitados, simples assim. Portanto, estamos falando de uma história de transgressão de uma época, mas também de identificação, acolhimento, pertencimento e liberdade. E claro, muito amor por motos.

O único membro que se destaca é Benny (Austin Butler), o braço direito de Johnny. Benny representa a concretização da possibilidade da ideia da liberdade, do presente, do agora, sem amarras. Justamente por isso, tem o respeito de todos, que o admiram.

Mas como sempre, o tempo rege a história, e com o passar dos anos, o clube fica tão famoso que chama a atenção mundo a fora, se multiplicando em incontáveis filiais, até culminar na perda da identidade, resultante da dissipação descontrolada.

A cena inicial dita o que vem pela frente: um começo eletrizante, com cenas de ação que contracenam com a narração, externas deslumbrantes de estradas e motos que, infelizmente, não demoram muito a se perder no desenrolar da história em si. Propositadamente, bem como seu próprio fluxo narrativo? Talvez.

Fato é que “Clube dos Vândalos”, apesar de todo o pomposo elenco masculino, é um filme de uma mulher: Jodie Comer. Ela chega com uma tecitura impressionante, transitando por tantas emoções, as vezes até mesmo dentro de uma única frase, que quando ela não está em cena, até entristece.

De resto, é um filme que vale pelo retrato de uma época, só.

Destaque impossível de não ser citado: Michael Shannon. O ator e o diretor Jeff Nichols tem uma extensa e ótima parceria cinematográfica e Shannon é daqueles atores que desmistificam o tempo de tela. Quando está em cena, é impossível de não se notar. O ator entrega mais uma ótima atuação como o ressentido motoqueiro que foi rejeitado pelo exército.

No Title

Vamos pegar a estrada com um elenco pesadão. 🔥 #ClubeDosVândalos vem aí com Austin Butler, Jodie Comer e Tom Hardy. Em breve nos cinemas. Inscreva-se no canal e seja o primeiro a receber nosso conteúdo. Siga-nos na sua rede social favorita e receba as principais notícias sobre os nossos títulos!