FERNANDO MOTTA “ENSAIO PRA DESTRUIR” (2021)
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“tudo é um ensaio. o que passa pela minha cabeça neste exato momento já foi destruído. o pouco que registro também será. e na verdade, eu nem o faço. é apenas uma tentativa. um elogio à criatividade como manutenção da nossa sanidade”. (pensamento do músico em sua página na Bandcamp).

Fernando Motta é um cantor e compositor de Belo Horizonte (MG).  Apesar de novo, lançou vários discos, entre eles: “Reunião” (2010), “Andando Sem Olhar Pra Frente” (2016) e “Desde Que o Mundo é Cego” (2017). Junto com a eliminadorzinho, banda paulista de Shoegaze, gravou um EP em 2019 intitulado “Lapso”. 

O belo-horizontino também é um dos idealizadores e líderes do Geração Perdida de Minas Gerais, movimento que tenta unir pessoas de vários campos artísticos que não são amplamente divulgados tanto no estado como no país. Quando não está compondo seus trabalhos, Fernando gosta de fazer lives exclusivas com canções de Elliott Smith, e segundo ele, o falecido músico americano lhe garante muita inspiração para suas produções. 

“Ensaio Pra Destruir” conta com várias colaborações. “Perfeição”, que recebe a participação de João Viegas, tem uma melodia introspectiva acreditando num piano certeiro e na voz serena de Fernando. “Salvo Engano” ganha o reforço preciso do músico Apeles (ex-Quarto Negro) que também dá uma canja tocando mellotron e piano. Mafius, músico também mineiro, preenche com sintetizador a belíssima faixa de abertura, “Insetos Rondam a Luz Acesa”, numa roupagem bem climática, embora curta. 

Sempre em busca de alcançar um ecletismo, Fernando Motta acaba criando estilhaços sonoros que se juntam e abrem espaços para a necessária diversidade de gêneros musicais. “Essa Cidade Não Existe” é como unisse o Dream-pop e o Shoegaze tudo num elo único e inquebrantável (um dos melhores momentos do disco), “Tridimensional” é puro Pop-rock com letra e solo de guitarra marcantes, “Paranormal” assume guitarras mais cruas e até confere um pouco de Noise à canção, “Elogio À Destruição” carrega influências do Jangle Pop e traz no ouvinte breves associações com Stone Roses, “Verde-Água” com sua batida bem letárgica, se envereda pelo Lo-fi. 

Num álbum que flutua entre momentos mais intimistas (“Oslo, 31”) ou que resolve ir para um panorama explosivo e enérgico (“Contraditória 2”), Fernando Motta vai traçando sua vontade de firmar pé no cenário musical, sem se esquecer de suas influências e inspirações. “Ensaio Pra Destruir” é (mais) um disco que se encaixa bem em 2021, melhor ainda se funcionar sempre, seguindo a velha escola dos clássicos atemporais. Como o próprio músico cita na letra de “Tridimensional”: ‘Convém me atirar de vez no atemporal…’