O cineasta Hong Sang-soo é bastante reconhecido pela sua consistência na produção de filmes ao longo dos anos, e seu mais novo filme “Walk Up”, que segue o padrão narrativo da maioria de seus últimos filmes, desta vez acompanhando um renomado diretor que vai com sua filha conhecer o prédio administrado por uma velha amiga, e ao longo do tempo vivencia uma experiência nova a cada andar do empreendimento, que tem um atelier, um restaurante, um apartamento e um loft com varanda.
Sang-soo impõe uma espécie de autobiografia que se percebe na descrição dos trabalhos do diretor e de seu comportamento em relacionamentos amorosos, intensos e curtos, em que cada estágio de tempo que é demarcado em elipses anunciadas por um solo de bandolim o personagem envelhece e se afunda em seus próprios problemas temperamentais com aqueles que o cerca.
A passagem final, onde ele relata a visão que teve com Deus, reforça uma visão curiosa de Sang-soo sobre aquele cineasta, talvez sobre si mesmo, que amarra todas as fases do filme com uma certa ironia e vaidade, mas no mesmo modelo narrativo que já se repete nas últimas produções e desgastando um pouco seu cinema para abaixo do seu sarrafo dramático e de criatividade em termos de linguagem cinematográfica para além de colar espaços temporais não-lineares em certo momento de seus filmes.