Onde ver: Netflix
6Nota da Hybrido
Votação do leitor 2 Votos
8.2

O cinema nacional nunca se arriscou tanto em diversos gêneros cinematográficos como durante a Retomada, entre eles os filmes de guerra tradicionais, muito pelo custo de desenvolvimento de cenários, efeitos e quantidade de figurantes.

Em “A Estrada 47” vemos um exemplo raro desse gênero, realizado com muita qualidade e criatividade pelo cineasta Vicente Ferraz, ao retratar a história de um grupo de pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra Mundial, que dispersos no frio do inverno italiano após um ataque, precisam decidir se enfrentam a Corte Marcial ou encaram o inimigo novamente, na estrada que dá título ao filme.

Ferraz optou por uma narrativa mais intimista, de menor escala, envolvendo como funcionava o emocional de pessoas simples e despreparadas em meio a um campo de batalha, com clima adverso e sem conhecimento maior de outras línguas.

Com bom elenco nas mãos, Ferraz constrói simpatia aos envolvidos, e consegue criar um clima de tensão nos momentos que envolvem as minas, e a única cena de combate do filme, bem realizada considerando o perfil desta produção.

Porém o roteiro carece de diálogos melhor desenvolvidos, e abusa demais do expediente da narração em off do protagonista em formato de carta ao pai, referenciado no filme “Platoon” (1986).

Com simplicidade e objetividade, o filme atinge o objetivo de retratar um período pouco conhecido do país em meio à Segunda Guerra Mundial com dignidade, e mostra o potencial do nosso cinema em se aventurar em novos gêneros e abordagens.