Cadu MouraA comédia romântica é um gênero que explodiu nos anos 90 e dominava as bilheterias de cinema com suas histórias de amor simples e divertidas, fazendo a fama de astros como Julia Roberts, Hugh Grant, Richard Gere, entre outros.
“Casal Improvável” é um raro exemplo desse tipo de filme que chega atualmente à tela grande, impulsionado pela fama de Charlize Theron e Seth Rogen, e que conta a história de um jornalista radical, que se demite do emprego após seu jornal ser absorvido por uma grande companhia, e por coincidência reencontra uma paixão de infãncia, que hoje é a Secretária Nacional dos EUA e futura candidata à Presidência.
Quando ela contrata ele para lhe acompanhar e inserir humor aos seus discursos pelo mundo, se insere todas as fórmulas do gênero à narrativa, construindo o famoso romance dos opostos que na verdade são muito afeitos, numa espécie de “Um Lugar Chamado Notting Hill” no universo da política.
Porém, o diretor demonstra muito domínio na construção dessa relação entre os protagonistas, e se utiliza muito bem da fotografia de Yves Belanger nas breves mise en scenes entre o casal e quando coloca a escala a favor das cenas de romance.
Além disso, o roteiro constrói diálogos ácidos e interessantes, construindo a boa contradição do homem como papel acessório num objetivo capitaneado por uma mulher, e a boa interpretação de Charlize Theron ajuda muito nesse conceito que se aprofunda no último ato de forma inteligente, e o final lida com isso num ótimo tom de humor, realçando bem o bom conjunto desta obra.