Pedro Cabizuca“Estou ouvindo essa mulher dizer coisas horríveis sobre um cara de quem estou começando a gostar”, diz em certo momento a massagista Eva, personagem da sempre maravilhosa Julia Louis-Dreyfus para sua amiga e psicanalista Sarah, a também sempre ótima, Toni Collete. O homem em questão é Albert, James Gandolfini em seu penúltimo papel, ex-marido de Marianne, sua nova cliente, interpretada por Catherine Keener.
À Procura do Amor é uma comédia romântica, se podemos colocar assim, sobre adultos na casa dos cinquenta que ainda carregam as bagagens de seus relacionamentos anteriores, ao mesmo tempo em que começam a transição emocional de ver suas filhas se tornarem adultas.
A trama é simples. Eva conhece Marianne e Albert na mesma festa (em momentos distintos) e, após um leve pequeno flerte, ele a chama para sair e eles começam um relacionamento. Paralelamente, Eva começa a atender Marianne, ex-esposa de Albert e após ouvir da mesma reclamações sobre seu ex, percebe que estão falando do mesmo homem.
A diretora e Roteirista Nicole Holofcener desenvolve a história de maneira sutil, evitando as tropes mais comuns do gênero e confiando em seu afiadíssimo elenco. Com destaque para o sentimento quase melancólico que é assistir Gandolfini em seu penúltimo papel.
Sempre confortável nas figuras violentas de mafiosos ou homens poderosos, aqui ele nos mostra um lado mais íntimo e frágil, num homem desajeitado, inseguro da relação com a filha, que se acostumou a viver sozinho, porém extremamente carismático e gentil, nos conquistando em cada cena. Esse era o tipo de ator que James Gandolfini era, daqueles que nos deixava esperando pelo momento em que ele apareceria na tela.
Nicole Holofcener nos conta uma história engraçada, porém muito real, sobre as dificuldades de se encontrar o amor e aceitar as mudanças e segundas chances da vida; sua força concentra-se em poderosas atuações e uma direção e textos competentes, que não tentam reinventar a roda, apenas contar uma boa trama, repleta de personagens reais.