Eduardo‘Dawn Of Fear’ é um jogo da empresa espanhola Brok3nsite e que veio por meio do Playstation Talents, um programa da Sony Interactive Entertainment que visa incentivar novas produções dentro do mercado independente de jogos.
No jogo, vamos acompanhar a trajetória de Alex que recebe a notícia da morte de sua madrasta. Nosso protagonista então resolve voltar à casa da família para preparar a documentação necessária. Acontece que nada sai como planejado, enclausurando o personagem num ambiente hostil, repleto de eventos sobrenaturais e estranhos.
‘Dawn Of Fear’ faz muitas homenagens e referências ao survival horror dos anos 90. Títulos famosos como ‘Alone In The Dark’ e ‘Silent Hill’ serão lembrados a todo instante. Entretanto, são nos dois primeiros jogos da série ‘Resident Evil’ que o traço nostálgico torna-se mais presente. Tanto que um dos compartimentos da mansão que Alex percorre esconde uma máquina de escrever e o próprio personagem diz: ‘se eu tivesse um ink ribbon, poderia salvar meu jogo’. Ou seja, uma bela referência ao clássico objeto de salvamento de alguns jogos da série RE. Até os ângulos da câmera quando passamos por corredores apertados fazem questão de trazer aquela apreensão de que estamos sendo vigiados ou de que algo está para quebrar a janela a qualquer instante.
Um recurso bem interessante visualmente é o indicador de sangue que nos restas após alguns ataques inimigos. Nosso diário, espécie de inventário que indica os documentos, itens, armas e munições que temos, vai mudando de coloração conforme os ataques que recebemos, podendo ficar cheio de gotas de sangue. Mesmo assim, não deixa o jogador tão ciente de quando realmente está perto de morrer e o jogo não nos informa sobre essa particularidade, o que talvez acrescenta mais apreensão à jogabilidade. Na produção espanhola, os saves são garantidos por velas espalhadas pela mansão, mas é preciso saber o momento certo de acendê-las, pois são limitadas e devem ser usadas de forma estratégica por parte do jogador.
Os elementos principais de um jogo survival horror estão lá: poucos recursos como munições e kits de primeiros socorros, exploração, puzzles para acessar outros compartimentos e salas secretas, inimigos à espreita, chaves e itens a serem encontrados. Aqui, sai de cena o tradicional mapa, objeto comum nos jogos desse gênero. Vale muito a intuição e a memória do jogador, apesar de que a mansão não seja tão imensa como em outros jogos do gênero.
A nostalgia e o tradicionalismo do gênero deram as caras, pena não dizer o mesmo de outros recursos técnicos ou da própria narrativa. Não dá para se emocionar com Alex, nem mesmo seu passado. A narrativa é fraca, não há cenas mostrando o passado do protagonista. Os documentos espalhados pela mansão se encaixam mais como função de coletáveis para explorar melhor os ambientes do que para dar vida aos acontecimentos que envolvem o personagem.
Os combates e a jogabilidade também são desequilibrados, lerdos, não trazem tensão e algumas mudanças de câmeras sobre o personagem podem prejudicar os alvos que selecionamos. Os ambientes externos como jardins e playground poderiam receber mais destaque, mas acabam desperdiçados na exploração do jogo. Com puzzles fáceis e óbvios, também poderia haver uma maior variedade de armas e inimigos. Os chefes não são memoráveis e eles não dependem de muito esforço do jogador para serem abatidos. O final do jogo não traz emoção e muito menos passa aquela ideia de recompensa ao jogador pelo trabalho árduo que teve.
‘Dawn Of Fear’ acaba sendo uma diversão rápida e curta, indicada para jogadores não exigentes, curiosos e nostálgicos. Numa promoção de 75%, sai por 20 reais e merece uma conferida, sobretudo para saciar aquela sede pelo gênero survival horror. Pensando no apoio que teve e nas boas referências que aqui estão embutidas, o jeito é ficar na torcida para que a Brok3nsite venha com produções mais caprichadas no futuro.