Onde: Netflix
Nunca subestime o poder de um excelente roteiro de mãos dadas a uma direção poderosa. É o que temos aqui: David Fincher, de “Seven” (1995), “Clube da Luta” (1999), “A Rede social” (2010). São exemplos de obras deste diretor. E aqui em “Garota Exemplar”, temos esta direção soberana de Fincher. Ele é conhecido como um dos mais detalhistas do meio. Obrigando atores a repetir inúmeras vezes as cenas e exigindo os mínimos detalhes em seus olhares, pausas e postura corporal. Podemos dizer que em um filme de Fincher não é aconselhável fechar os olhos, a não ser que Tyler Durden coloque uma imagem para maiores de 18 no momento em que o cachorro e a cadela com vozes de estrela de cinema se encontram.
A roteirista Gillian Flynn, também autora do livro “Garota Exemplar”, faz um excelente trabalho em sua adaptação. O roteiro é construído como camadas de um bolo, em que cada reviravolta é como um novo sabor que se descobre. Nenhum momento é em vão, o olhar, plano, a trilha sonora. Rosamund Pike é uma atração à parte, entregando a melhor atuação de sua carreira, nos deixando paralisados com seu poder.
Esse parágrafo é destinado ao Ben Affleck. Me surpreendeu. Além de Gus van Sant e Ben Affleck, ele pode ser dirigido por outra pessoa. Todos os créditos a David Fincher pelo trabalho mais difícil de sua carreira (na verdade não, ele escolheu o Ben Affleck por causa do sorriso estranho e pelo motivo que na época o público tinha sentimentos mistos por ele; isso é direção).