Decidido a reanalisar sua vida e o que fez chegar ao fundo do poço, o ator Shia LaBeouf decidiu escrever um roteiro e transformar seu exemplo em filme, “Honey Boy”, feito em parceria com a diretora Alma Har´el e onde ele interpreta o próprio pai problemático.
No filme, Otis (Lucas Hedges) é internado numa clínica de reabilitação após um acidente de automóvel, e em análises ele revisita seu passsado enquanto ator mirim (Noah Jupe), e sua problemática relação com o violento e intempestivo pai, James (Shia LaBeouf), na condução de sua vida, do que ele se tornou e de como gerenciou sua carreira desde ali.
A corajosa narrativa de LaBeouf ganha uma estética forte na direção de Alma Har´el, usando bem a proximidade da câmera nos momentos de maior tensão coletiva e individual dos personagens, assim como na ternura de breves momentos da vida de seu protagonista.
As atuações dos atores são a força do filme. Se Lucas Hedges consegue transpor as influências do pai em sua vida adulta com credibilidade e segurança, o ator mirim Noah Jupe dá show na difícil composição de viver um personagem na mesma condição de vida atual dele, e conseguindo arrancar momentos de muita emoção nas cenas mais difíceis.
E Shia LaBeouf completa o brilhantismo das atuações do filme com sua furiosa interpretação como seu próprio pai, transpondo para as telas a corajosa iniciativa de colocar a sua vida em balanço dentro de um filme, e sai muito bem na sua maior interpretação no cinema, sendo ventilado com possibilidades de indicação ao Oscar com muita justiça.
“Honey Boy” é um retrato amargo dos efeitos de uma infância violenta no seio familiar desregrado, e nos traz importantes reflexões sobre os efeitos disso no futuro da criança, independente de sua ocupação ou nível social, em mais um bom filme independente nesta temporada.