Onde assistir: Globoplay
7Nota da Hybrido
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Cheguei ao time do Hybrido há quase um ano, justamente numa época em que estava enfeitiçada pelos trabalhos de Phoebe Waller-Bridge. Havia acabado de assistir Fleabag e estava hipnotizada por Killing Eve. Foi natural e excitante escrever sobre as duas séries por aqui. Phoebe é mais incrível nos bastidores do que já é à frente das telas e, nas duas séries, a marca dela nos roteiros fez toda a diferença.

Talvez isso explique um pouco o fato de que a terceira temporada de Killing Eve (ainda sem previsão de transmissão no Brasil) tenha perdido o afã inicial da obra. Ao abrir mão do roteiro, Waller-Bridge pode até ter mantido o controle da trama como showrunner, mas a perspicácia, a acidez, o humor negro e até mesmo alguma lógica se perderam no caminho. 

O terceiro ano de algumas série parece análogo àquele lendário e trágico sétimo ano do casamento que destrói relacionamentos desde que o mundo é mundo. The Good Place também derrapou em sua terceira temporada e, assim como Orphan Black, se recuperou na quarta. No caso de Killing Eve, em vez de seguir na fórmula certeira que é a química entre as protagonistas, a trama preferiu levá-las a caminhos opostos. Eve opta por uma vida ordinária, tentando catar os cacos pós-MI6, enquanto Villanelle entra numa jornada ao seu sinistro passado familiar. Sim, cliché demais e, como tal, deveras previsível. E é o que fica desta temporada: muito drama psicológico e zero confronto. Zero intrigas. Zero desafios.

Para piorar, na fase final da temporada, o protagonismo é desviado para tramas paralelas àquelas das duas personagens principais e elas se tornam meras espectadoras de uma narrativa que se desenrola à sua revelia. A poderosa espiã Carolyn Martens ganha profundidade e Fiona Shaw obviamente não decepciona.

Devolvam a Gata e a Rata

No fim das contas, curiosamente, seguimos com os olhos colados à tela. E a única explicação só pode ser a atuação de Sandra Oh e Jodie Comer. Sandra Oh entrega uma Eve ainda mais complexa – fruto de tantas escolhas erradas – com capricho notável, seja bebendo uma taça de vinho ou apenas assistindo TV. Jodie Comer, por sua vez, segue comprovando ser uma das atrizes mais impressionantes da atualidade, dando conta de uma vilã imprevisível e tão atraente quanto assustadora, que usa um diapasão afiado como arma ou que acorda um dia querendo uma essência que a faça “ter o cheiro de um centurião romano”.

Entre erros e acertos, a série parece mais um spin off de si mesma e ainda sim merece nossa atenção. Talvez, se não for para retomar a responsabilidade pelo roteiro, Phoebe Waller-Bridge devesse apenas concluí-la na quarta temporada (já confirmada pela BBC). Sem voltar os holofotes para Eve e Villanelle juntas, Killing Eve poderia mudar o título para Killing Time.