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“Museu”, vencedor de melhor roteiro no Festival de Berlim em 2018, é um drama mexicano baseado em uma história real que traz o grande ator Gael Garcia Bernal de volta a um grande papel dentro do cinema mexicano.

A história nos traz dois amigos deslocados, Juan (Bernal) e Benjamin ( o também ótimo Leonardo Ortizgris), que de forma atabalhoada decidem assaltar o Museu Nacional de Antropologia em 1984, em plena noite de Natal.

Após efetuado o crime, o fato ganhar proporções nacionais, e os dois têm dificuldade de vender o material roubado, tendo que viajar em busca de um receptador estrangeiro indicado por um amigo guia turístico.

O diretor Alonso Ruizpalacios constrói bons momentos principalmente nos dois primeiros atos, e o terceiro o ritmo escorrega um pouco, mas não compromete o que foi traçado pelo ótimo roteiro escrito pelo diretor e por Manuel Alcalá, flertando com o metafórico na reta final.

O ambiente por onde se passa a narrativa atrai ótimas reflexões, sobre o que seria o próprio museu frente às civilizações antigas senão propriamente tão ladrões quanto os dois protagonistas, ou o quanto se teve mais acesso ás peças roubadas durante a jornada deles, em comparação ao período que estiveram expostas.

Para ilustrar essas ótimas questões, podemos até fazer um paralelo da virada pro segundo ato, quando o assalto causa uma repercussão nacional maior que a esperada pelos rapazes pelo Museu ser um espaço pouco frequentado, com o recente incêndio em nosso Museu Histórico Nacional, onde a comoção superou e muito a assiduidade das pessoas em visitações.

Além do bom roteiro e das interpretações, a fotografia e a trilha sonora, em muitos momentos se utilizando de sons tribais ou de instrumentos primitivos, se destacam neste ótimo filme que merecia uma janela melhor de exibição quando passou nos cinemas.