“The Handmaind’s Tale”, 4ª Temp (2021), de Margaret Atwood e Bruce Miller
9.5Pontuação geral
Votação do leitor 3 Votos
9.6

Onde: @hulu @paramount @globoplay

Eis que a melhor série do momento (grifo meu) retoma seu rumo e chega ao final desta 4ª temporada de maneira épica, marcante, assustadora e surpreendente. O terror psicológico absoluto e o tom sombrio estão de volta em pelo menos 4 excelentes episódios dentre os 10 que acompanhamos. Destaque para a qualidade imensa de Elizabeth Moss, não apenas atuando, mas dirigindo. Ela comanda 3 episódios.

Tudo o que víamos nas outras temporadas aparece de maneira significativa aqui. As cores, as metáforas gritantes, as analogias religiosas, as obras de arte observadas em vários “pauses” da série, tudo bem encaixado com um roteiro notável e redondo do criador Bruce Miller, transbordando o ódio teocrático daquela sociedade sobre as aias e os fugitivos. Os diretores desta temporada, principalmente Elizabeth Moss, conseguem levar todo o nosso sentimento exaurido (sangue nos olhos) até o chocante último episódio.

Esta jornada se inicia com as aias em fuga frenética buscando abrigo e aliados após a incrível libertação de 86 pessoas num avião para o Canadá (libertos foram Martas e crianças de Gillead). June agora está ferida. Elas vão ao limite para poder libertar mais pessoas e realizar alguma desejada vingança. Tuello, Tia Lydia, Fred, Serena, Moira, Nick, entre outros, têm um ótimo desenvolvimento narrativo aqui. Mesmo que Serena e Fred tenham se amainado, os diretores fazem questão de nos pontuar quem são de fato os cruéis e impiedosos.

Há momentos dolorosos no decorrer deste período. Há um episódio fraco e arrastado também: o 6º. Mas há um dos maiores alarmes narrados pelos criadores, com a dramaturgia já consolidada da série: o planeta (o Canadá incluído) encara com respeito, distância e certa normalidade o produto final de Gillead. Reconhecem seu poderio bélico. Não há choque. E se afastam com os cuidados diplomáticos devidos. Isso é extremamente pessimista e perigoso para uma realidade distópica e quiçá vindoura. Há muitas nações baseadas na teocracia militarizada.

E, ao final, todo “lunatismo” e crença ortodoxa do Comandante Fred ressurge. Isso eleva a série. Joseph Fiennes e Elizabeth Moss dominam as atuações finais. São viscerais. Formidáveis. “Eu quero que ele morra de medo”: esta frase citada por June é o resgate de toda ambiguidade do show. É extremamente necessário ver esta obra integralmente. Vale como alerta. Como um urro de socorro. Como o sinal de que o fim dos tempos não pode jamais estar perto, tampouco ser desta maneira.