"Resgate 2" (2023), de Sam Hargrave
6Pontuação geral
Votação do leitor 2 Votos
8.3

Onde: Netflix

 

É quase um deboche na nossa cara que Resgate tenha sido um dos grandes fenômenos do “fica em casa” na época da pandemia e que agora sejamos obrigados a ver Resgate 2 no lazer do lar.

O segundo filme é maior, tem muito mais dinheiro envolvido e é um blockbuster de ação que merecia uma tela grande e o som no talo.

A ação é, de novo, o grande barato do filme. Tudo que acontece fora do (muito) tiro, (muita) porrada e (muita) bomba, não funciona.

A história de quem Tyler precisa resgatar, o drama do vilão… tudo é construído da forma mais rasa possível. O início do filme é pavoroso: Tyler está se recuperando dos danos da missão na Índia. Ele mal consegue andar e aí com uma montagem rapidinha, espécie de Rocky 4-wannabe, tudo resolvido e ele tá novinho.

O que melhor funciona é o drama do protagonista com a própria família. Dá uma camada oitentista para o personagem, um motivo pelo isolamento e para o estilo “sem temer a morte” com que encara as missões.

Passado isso, Resgate 2 entra em uma sequência de ação que simula plano-sequência de mais de 20 minutos. É impossível não ficar vidrado. O cara está numa cela, vai pro porão, luta com braço em chamas, perseguição, trem, helicópteros… é tanta coisa acontecendo que vale um elogio para a direção do filme por manter o olhar do espectador sempre focado.

É uma estética de videogame muito semelhante ao filme coreano Carter, também da Netflix. Uma sequência de ação emendando na outra, câmeras em veículos, voice over… se você estiver com um joystick, certeza que vai apertar alguns botões.

A única coisa que é possível dizer de toda essa cena é que: pelo tamanho dela e a intensidade, os cortes escondidos ficam muito aparentes. Se você gosta desse tipo de montagem, vai ser impossível não se distrair com eles. O mesmo pode-se dizer dos preenchimentos e transições digitais que inundam esses 20 minutos, tirando um pouco daquele sentimento de “artesanato” da ação que o primeiro filme trazia.

Um filme de ação bom é o que usa a criatividade para as sequências, não se limitando a repetir os mesmos momentos ao longo da produção. Resgate 2 tem criatividade de sobra. Toda a sequência de Viena prova isso é sem precisar do artifício estético do plano-sequência. A cena na academia é coisa fina e a do telhado de vidro dá agonia pela altitude.

Resgate 2 não é tão bem amarrado e conciso quanto o primeiro, que ainda é melhor. O filme se perde no caminhão de dinheiro que a Netflix deposita na esperança de continuar essa franquia e no fraco roteiro de Joe Russo.

Mas é impossível, se você for fã do gênero, não se divertir com Chris Hemsworth e todo o arsenal que ele gasta aqui.

E fica a recomendação: assim que o filme acabar, vale a pena voltar ao minuto 26 e assistir toda a cena da prisão/trem de novo. Só melhora.