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9.5Nota da Hybrido
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8.5

Após “Veludo Azul”, David Lynch se tornou reconhecido como um dos maiores cineastas vivos, principalmente para os cinéfilos que o acompanham desde o início de sua carreira, com “Eraserhead” (1977) e O Homem Elefante (1980), filme que lhe deu a devida projeção devido á boa presença nos Oscars daquele ano.

“Veludo Azul” é o filme de retomada do curso da carreira de Lynch após a decepção do diretor com a finalização de “Duna”, com os produtores não lhe dando o corte final, algo que a partir dali Lynch nunca mais abriria mão, independente das consequências que este critério lhe traria para produzir seus próprios filmes.

O filme conta a história do jovem Jeffrey (Kyle MacLachlan) que volta à sua cidade natal para visitar o pai adoentado, e numa de suas caminhadas encontra uma orelha perto de uma propriedade, e a entrega ao detetive local, Williams (George Dickerson), que promete investigar o caso.

Após a visita de Jeffrey à casa de do detetive, acaba conhecendo a filha deste, Sandy (Laura Dern), que relata que a provável suspeita seria a cantora de cabaré Dorothy (Isabella Rossellini), e a partir daí ambos começam uma investigação por conta própria, e a cada detalhe desvendado Jeffrey se envolve mais no submundo de Dorothy.

Lynch aqui já ensaiava o clima bizarro e exótico que lhe daria popularidade na TV anos depois com seu seriado “Twin Peaks”, fazendo da pequena cidade madeireira de Lumberton um ensaio do que seria a cidadezinha com o melhor café e torta de maçã do seriado, e o universo criado atrai o espectador pela curiosidade assim como faz com seu protagonista Jeffrey.

O grande peso de “Veludo Azul” no entanto são seus personagens únicos no roteiro, como o jovem Jeffrey de MacLachlan, curioso e obcecado em desvendar o sentido daquele obscuro mundo, a misteriosa Dorothy de Rossellini.

Mas o grande destaque é o vilão Frank Booth interpretado por um inspiradíssimo Dennis Hopper, que emprega muita credibilidade aos seu personagem lunático e viciado em inalação de gás, e constrói uma cena antológica no cativeiro de Ben, interpretado por um Dean Stockwell afeminado que emula uma canção de Elvis no ato final.

A trilha sonora, o design de produção, a fotografia, tudo funciona harmonicamente com o enredo do filme, e constrói uma aurora de drama clássico para o filme que agrega para o mundo que Lynch quer expor metaforicamente através do submundo da pequena Lumberton em contraposição ao subúrbio certinho onde vivem as famílias de Jeffrey e Sandy.

David Lynch aqui faz merecer sua segunda indicação ao Oscar como melhor diretor (a única do filme naquele ano), e desde já pavimentava seu crescimento dentro do cinema de arte norte-americano com “Veludo Azul”, que o tornaria um dos maiores da história do cinema.