LIGHTNING BUG – A COLOR OF THE SKY (2021)
8.5Pontuação geral
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8.4

Lightning Bug é um grupo do Brooklyn (NY) que sempre prezou pela postura indie. Formado em 2015, o début ‘Floaters’ chegou neste mesmo ano. Apesar de assinarem com uma gravadora de renome como a Fat Possum, o lançamento veio sem muito estardalhaço. O segundo álbum, ‘October Song’, surgiu em 2019. Neste mesmo ano, o grupo passou a ter mais reconhecimento com o disco sendo aclamado por crítica e público. 

A sonoridade do grupo Lightning Bug se encaixa em várias nuances e matizes. Da mesma forma, passa diversos sentimentos. Os americanos conseguem trazer alternadas paisagens sonoras em gêneros que se entrelaçam de forma criativa em suas canções. Folk, Americana, Eletrônica, Dreampop e Shoegaze trafegam confortavelmente entre as dez faixas do álbum, ludibriando o ouvinte no melhor dos sentidos. Um trabalho não tão difícil de digerir, porém bem longe de ser simples ou convencional.

A abertura com “The Return” nos faz pensar em algo do Cowboy Junkies, logo em seguida, a faixa vai se encorpando, ganhando contornos clássicos com belas guitarras dedilhadas, cellos, sintetizadores, violinos e dita logo a identidade da banda bem reforçada por um instrumental amplo e pela segurança da voz de Audrey Kang. Mesmo quando os vocais de Kang aparecem pouco, faixas como “Wings of Desire” e “A Color Of The Sky” brilham de forma imponente em momentos que lembram incursões cinematográficas e etéreas. 

Algumas faixas nos fazem pensar que estamos diante de uma banda do catálogo da gravadora 4AD. “I Lie Awake”, um dos destaques do álbum, começa tímida para em seguida explorar texturas instrumentais típicas do Shoegaze, e a voz de Audrey busca a perfeição harmoniosa próxima de um Cocteau Twins. 

Num disco que busca o equilíbrio e prioriza todas suas faixas, o peso do instrumental pode dar lugar a cenários mais acústicos, bem centrados no Folk de raiz a exemplo de “Reprise”. Nem a paixão por contornos mais jazzísticos fica de fora, é o que sugere “The Chase”. O Pop-rock que se deixa entregar aos poucos para a Eletrônica criativa de “September Song, Pt. II’ é realçado por uma melodia grudenta de batida vertiginosa, apresentando uma sincronia em total funcionamento entre baixo-bateria-guitarra-sintetizador-vocais. Outro grande momento do álbum.

‘A Color Of The Sky’ é um disco que nos convida a repetir toda sua audição, incansavelmente. Para perceber novas nuances, encontrar outros detalhes, criar novas opiniões, se deparar com texturas que pareciam não tão bem formadas da primeira vez. Um disco em mutação que resgata o prazer de ouvir música. Apesar da correria dos dias, um álbum que nos obriga a ter novamente empatia pela boa música que muitos julgam, sem argumentos válidos, ter morrido desde os anos 80.