Avaliação Hybrido
10Nota do Autor
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9.5

Exibido na última mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes, o filme de Maryam Touzani nos insere no mundo da tecelaria marroquina através do protagonista Halim, que herdou o negócio da familia e é casado com Mina (interpretada por Lubna Azabal, de “Incêndios”(2010)), que também trabalha no local, e acabaram de contratar um jovem ajudante para agilizar as entregas de costuras, Youssef.

Porém, Halim lida discretamente com sua homossexualidade, aparentemente tolerada por sua esposa e cativada com o crescente contato com seu jovem aprendiz, que demonstra corresponder a ele em breves contatos. E é em Halim que o filme cresce demais, tanto pelo talento do ator Saleh Bakri em ilustrar o peso do drama interno que vive sem exageros ou excessos como o papel exige, como pelos próprios desafios dramáticos impostos de forma muito sensível no filme por Touzani.

Aliás, o filme explora todas as belezas possíveis em torno da história, desde a textura, contato e uso das cores nos tecidos abordados com delicadeza, rispidez ou tato pelo protagonista e seu jovem aprendiz, como na narrativa silenciosa que se dá ao longo do filme, onde a saúde de Mina se torna a ampulheta dramática das decisões difíceis, silenciosas e individuais que Halim precisa ir tomando, e que aos poucos os atos de amor e carinho de Mina e Youssef o faz compartilhar gradativamente, seja no campo profissional ou de relações humanas.

O ato final do enterro de Mina é um ato de coragem e liberdade sublime que a diretora Maryam Touzani nos brinda a cada minuto daquela caminhada de Halim e Youssef carregando Mina com a túnica que é produzida ao longo de toda película, um ato de reciprocidade a toda aquela relação de carinho construída tanto pela cumplicidade de Halim e Mina em sua relação conjugal, como à tortuosa e estremecida aproximação de Mina e Youssef ao benefício do homem que amam, e enfim um passo definitivo do protagonista de seguir sendo amado de outra forma a partir dali.