“A Pequena Sereia” (2023), de Rob Marshall
6Pontuação geral
Votação do leitor 2 Votos
8.1

Onde: Cinemas e Disneyplus

 

Já vamos tirar o elefante da sala quando o assunto é adaptação live-action da Disney: A Pequena Sereia é legal.

E muito por causa de Halle Bailey, que é um golaço. Ela tem todo jeito de princesa Disney, principalmente o olhar inocente. O tom da voz é perfeito, tornando o momento clássico de “A Part of Your World” mágico como deveria ser.

Porém, o que mais me impressionou no filme foi:

Para tudo de bom, há uma contraparte ruim:

Sebastião e Sabichão (ou Sabidão) são ótimos. Linguado é péssimo. Não dá para entender a decisão de criar os animais fotorrealistas, se você vai animar um caranguejo gesticulando com as garras, animais dançando ou uma ave agindo como humano, deitando em uma cama, por exemplo. Quem paga o pato é o Linguado, que fica parecendo um peixe morto boiando e mexendo a boca.

A Ursula de Melissa McCarthy está perfeita. A atriz mantém o tom caricato e com humor debochado da bruxa. Já o Tritão, feito por Javier Bardem, não tem um pingo da energia do original.

Me peguei gostando do filme bem mais quando a história vai, com Ariel, claro, para fora do mar. A sensação estranha do CGI e as atuações ruins tornam a parte fantástica do fundo do mar bem frustrante.

Ah, e as músicas? As originais ainda estão ótimas e “Under the Sea” vai voltar a povoar a cabeça das pessoas. Já as novas canções, escritas por Lin-Manuel Miranda, não chegam nem perto disso. O rap entre Sebastião e Sabichão é a melhor. Entretanto, mais por mérito de Daveed Diggs e Awkwafina do que da música em si.

É impressionante como a direção de Rob Marshall acerta tanto umas horas e erra demais em outras. A Pequena Sereia parece um filme dividido em dois e feito por duas pessoas diferentes.

O maior exemplo está no Príncipe Eric. O personagem não funciona em todo o primeiro ato. A cena musical dele, com uma nova composição de Miranda, é péssima. A música é ruim, o personagem passa quase metade do tempo de costas, escondendo a dublagem e a montagem é completamente sem sentido.

Contudo, a direção muda completamente a partir do momento em que ele encontra Ariel fora do mar. O personagem fica mais leve, mais interessante e a dinâmica entre Halle Bailey e Jonah Hauer-King funciona. Tanto que a melhor parte do filme é quando os dois vão dar “um passeio pela ilha”, que acaba na famosa cena dos dois no barco.

No clímax, a metade “ruim” volta a assumir o filme e deixamos A Pequena Sereia de lado para embarcarmos em um set piece de ação no “melhor” estilo Piratas do Caribe 3.

Melhor que muitas outras adaptações em live-action da Disney, A Pequena Sereia diverte e segue a “mão boa” na escolha da protagonista, assim como foi em Cruella, Aladdin, A Bela e a Fera e Cinderella. Porém, o filme erra, assim como a maioria das adaptações, nas escolhas criativas. E é aí o ponto exato que diferencia essa leva de filmes das animações Disney: elas nunca falharam criativamente.

Esse é o diferencial e o que nos faz questionar: por que devo assistir?