A cerimônia do OSCAR 2022 que aconteceu neste domingo mostrou que o antagonismo é o protagonista da vez.

Por um lado a Academia, historicamente machista, racista e xenófoba, começa a caminhar em direção a inclusão, através do aumento de membros femininos e de diferentes etnias, o que já reverbera nas indicações. Anos atrás seria extremamente improvável um filme como CODA ser indicado e premiado como Melhor Filme.

A vitória de CODA como Melhor filme, questões técnicas cinematográficas à parte, marca um momento de quebra de paradigmas, ao vermos em uma transmissão global, um salão lotado de celebridades balançando as mãos para aplaudir na linguagem dos sinais os vencedores – surdos. Assim como intérpretes traduzindo os discursos de agradecimento. Um momento marcante.

Entretanto, para cada passo dado, a Academia insite em manter um contrapasso. Em seu discurso de agradecimento pelo prêmio de Melhor Filme Internacional, o diretor Ryusuke Hamaguchi, japonês, visivelmente nervoso ao fazer seu discurso de agradecimento, foi abruptamente cortado pela música e praticamente expulso do palco.

Outro fato foi o tapa na cara dado por Will Smith em Chris Rock. Após uma piada de extremo mal gosto feita por Chris Rock enquanto apresentava a categoria de Melhor documentário, com relação a Jada Pinkett Smith – esposa de Will Smith – o ator, indicado ao Oscar de Melhor Ator pelo filme “King Richard: Criando campeãs” subiu ao palco e agrediu o apresentador. Momentos depois venceu o Oscar de Melhor Ator e em seu discurso – completamente ofuscado pelo ocorrido – se desculpou.

Em tempos violentos e instáveis, em que infelizmente estamos acompanhando seres humanos em guerra, adotar uma postura de violência em um evento transmitido e repercutido a nível Global é repelir qualquer esforço em prol da inclusão social e igualdade.

Sendo o cinema uma ferramenta de impacto social, o Oscar 2022 poderia ter sido um marco positivo ao colocar sob os holofotes questões como inclusão, igualdade e empatia. Mas ao contrário, o que nos resta é o que ficará resumido como “O OSCAR DO TAPA”. Há muito trabalho a ser feito para o Oscar 2023.