Avaliação Hybrido
6Nota do autor
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7.7

A nova série da HBO Max, “Tokyo Vice”, prometia em seu trailer comercial uma ambientação de bastidores da Yakuza através da história de um jornalista americano sediado em Tóquio que se envolve em matérias policiais envolvendo os famosos clãs do crime organizado japonês, já ilustrado em diversas outras obras, com o carimbo do cineasta Michael Mann em seu episódio-piloto.

Apesar do cuidado da produção em priorizar bastante a linguagem japonesa nos episódios – incluindo seus protagonistas norte-americanos – a promessa de entrada naquele universo fica muito comedida e pouco aprofundada para os fãs desse universo, pensando num produto com oito episódios de 1h cada. Funcionaria um pouco para espectadores iniciantes, mas outros problemas podem também afetar essa experiência.

A opção por um arco dramático “painel” (onde se apresenta uma cosmologia mas não centrada em apenas um personagem) acaba não funcionando pelo problema descrito acima, vários núcleos muito pouco aprofundados e com encaminhamentos genéricos, embora condizentes com aquele mundo (pessimista, revolvente, de pouco espaço para mudanças).

E esse painel de personagens – quatro na verdade: o jornalista gaijin, a hostess gaijin empreendedora, o policial honesto e o jovem mafioso desencaixado com seu ofício – apesar de representativo, traz muito pouco do universo yakuza considerando os desafios impostos, e os espectadores mais afeitos a filmes policiais japoneses irão concordar que o potencial era imenso dado o sarrafo de filmes dirigidos por Seijin Suzuki ou mesmo pelo próprio Mann.

A atmosfera de telefilme impera e há muito pouco de estética cinematográfica rica que esse universo dispõe. A aposta numa dramaturgia rasa de novela atrapalha muito a pretensão realista que a série gostaria de adotar, e esse ar de meio do caminho impede bastante o engajamento do espectador com a série, que promete uma segunda temporada a ser muito melhorada se visar vida longa na grade da HBO Max.