Avaliação Hybrido
10Nota do Autor
Votação do leitor 3 Votos
7.8

A quarta e última temporada de “Succession” amarra em dez episódios todo o sensacional arco dramático desta série que confirmou sua vocação como uma das melhores da história. Um enredo pouco original, mas que se segura pelos seus fortes personagens, acerca do futuro do conglomerado Waystar Royco após a gestão do magnata Logan Roy, interpretado por Brian Cox.

O showrunner da série Jesse Armstrong, ao justificar esta quarta temporada ser a última da série, se defende com o argumento de que a história não tinha muito mais para onde ir sem perder essência e a coerência dramática, e após encerrada a série, temos que dar razão ao autor, ainda mais num segmento onde muitos autores não sabem a hora de concluir sua saga.

A toxicidade sentimental citada em meu texto sobre a 3a temporada (leia aqui) segue sendo a atmosfera desta definitiva página da saga dos Roy, que é abruptamente intensificada após a morte repentina de Logan, que traz aos herdeiros (e a nós, surpreendidos junto com eles numa aula de narrativa) a situação de finalizar – ou não – a negociação encaminhada pelo falecido magnata, o que os conduz em primeiro momento a uma gest]ao compartilhada que não dura 24 horas, como todas as anteriores.

Se há alguma mensagem dentro do arco da série, é a inevitabilidade das consequências dos atos de seus personagens, pro bem ou pro mal, e Logan sentencia o destino dos filhos ao adjetivá-los como “pessoas que não são sérias” do ponto de vista de quem sempre corrigiu os erros dos filhos, o que consequentemente os impediram de assumir a frente dos negócios da família.

Cada um dos três – Ken, Shiv e Roman – possuem qualidades que o colocam como opções de conduzir a empresa, mas junto defeitos que o inviabilizam para o papel, e todos os três não aceitam a prevalência do outro. Ao final, se conclui que foram criados para competir na própria família, que era como Logan os conduzia como uma parte da empresa, e o individualismo e cegueira de vida os fazem morrer pela boca.

O desfecho da série – com a conclusão do acordo desenhado por Logan, porém incluindo a rede de TV que ele queria manter com a família (cedida numa tática mal sucedida de Ken e Roman para melar o acordo, que na verdade o fortaleceu ainda mais na visão dos acionistas pelo acréscimo considerável do valor da proposta para incluir a ATN) – se desenha como a vontade do pai sendo estabelecida na prática mesmo com a infantil resistência de seus filhos, com a ascensão de seu aliado Tom (como vimos no fim da temporada anterior), marido de Shiv, como o CEO americano da nova Waystar Royco.

O fim se torna amargo para quem esperava uma jornada de herói onde um deles conseguia conquistar a posição de sucessor do legado de Logan Roy, mas de fato o que se mostrou é que nenhum deles nunca tiveram o necessário para alcançar o trono, e isso estava consolidado na posição de Logan a favor do acordo com a GoJo desde o fim da terceira temporada, e nas palavras finais a eles no karaokê antes de morrer, e assim se fez valer seu papel de autoridade paterna no campo dos negócios.