Nota da Hybrido
8.5Pontuação geral
Votação do leitor 9 Votos
7.0

Todo bom espectador da série “Game of Thrones” sabe o valor dos penúltimos episódios na cronologia da série ao longo das temporadas, sempre com incidentes imprevisíveis e traumáticos, que geraram uma constelação de consumidores fiéis da série ao longo dos anos – e ontem, no quinto e penúltimo episódio da série entitulado “The Bells”, isso não foi diferente mesmo que a série viva um período divisivo entre seus fãs sobre determinados arcos de personagens favoritos, ou pela aceleração da narrativa frente a questões de fora da história contada nas telas.

O episódio anterior nos trouxe muitas questões a serem trabalhadas neste quinto episódio, a começar sobre o ânimo psicológico de Daenerys Targaryen, para muitos a grande heroína da série e que neste episódio fez os espectadores relembrarem que heróis e vilões são raríssimos na disputa pelo trono, e que as antropologias das linhagens puras das famílias mais tradicionais apresentadas na série pesam nessa ambição pelo poder do Trono de Ferro e nos destinos dos personagens.

Daenerys derrama nos ataques feitos a King´s Landing toda a sua tristeza pela perda de aliados próximos como Missandei e Jorah, paranóia com a questão da sucessão trazida por Jon Snow , e raiva ao vislumbrar a Fortaleza Vermelha tomada de sua família e as consequências vividas por ela, que não se resumiram a exércitos inimigos, levando a frase sobre efeitos colaterais em tempos de guerra a um nível assustador e muito bem fotografado na opção do diretor do episódio em colocar o ponto de vista dos atingidos com relação ao massacre realizado por Dany e seu dragão sobrevivente Drogon.

Os efeitos desse fechamento de arco da protagonista da Família Targaryen trazem efeitos dramáticos interessantes aos demais, principalmente ao seu conselheiro Tyrion Lannister, onde seu intérprete Peter Dinklage em cada cena pré-batalha carrega nas cenas toda a angústia da sua racionalidade estar enxergar cada pilar de seu idealismo de ver uma Westeros melhor sob o reinado de sua rainha, e sentir na pele os efeitos de mortes de inocentes bem antes da batalha se aproximar, tentando tudo o que pôde para evitar.

Com a execução de Varys por conspiração e traição, pelo ultimato de Daenerys a Tyrion sobre não ter mais perdões a conceder ao seu conselheiro, deixando claro que coloca Sansa Stark entre seus conspiradores, Jon Snow certamente estará em posição muito difícil perante ao seu juramento e à sua posição frente ao possível novo reino, pois ao mesmo tempo que é aclamados por vários povos como um verdadeiro herói, é possível que a notícia de sua legitimação sanguínea como herdeiro direto ao trono cause efeitos ainda mais severos à confiança de Daenerys, que provavelmente será potencializada pelo testemunho de Verme Cinzento á ordem de não atacar as tropas rendidas dos Lannisters. Talvez o abandono ao Lobo (curiosamente representado literalmente com relação ao seu lobo Ghost) em nome da bandeira do Dragão tenha custado caro demais.

Os outros Lannisters, os gêmeos Cersei e Jaime, tiveram em seu fim a representação de todo o efeito de seu materialismo manifesto na busca pelo poder em conjunto desde o primeiro episódio, soterrados pela ganância e abraçados pela sua paixão doentia, ao redor de seu pecado comum e reincidente.  Já os irmãos Clegane se eliminam pelo ódio recíproco numa batalha feroz em meios aos destroços da Fortaleza Vermelha, bastante impactante pela sua visceralidade.

E Arya Stark no desfecho é nossa protagonista dentro do massacre  realizado em King´s Landing, usando de todas as suas ferramentas de furtividade para escapar de inúmeros desafios na luta pela sobrevivência, em cenas que mostram como este episódio tecnicamente é irrepreensível, colocando seu diretor Miguel Sapochnick num patamar alto em matéria de filmagens de batalhas campais, sempre associado à excelente trilha sonora da série e aqui também aos excelentes efeitos especiais, conseguindo nossa imersão na angústia das vítimas e nos colocando no lugar daqueles que são atingidos pela fúria da outrora heroína louvada por todos.

Já as falhas de roteiro seguem vivas e incômodas, e neste episodio se concentraram em todas as situações dentro do palácio da Fortaleza Vermelha, desde a repentina independência de Gregor Clegane à magia que o trouxe de volta à vida, passando pelo súbito convencimento de Arya Stark por Sandor Clegane, sobre o vazio da busca por vingança pela vingança, ou ainda o patético duelo entre Jaime Lannister e Euron Greyjoy, candidatíssimo a personagem mais patético de toda a série, tendo aqui seu auge em falas totalmente despropositadas e sem qualquer representatividade dentro do que vimos na história.

Semana que vem toda a saga de Game of Thrones na TV se encerra, e se a expectativa anda bastante divisiva entre seus fãs, a única certeza é que pouquíssimas TVs não estarão ligadas no desfecho da disputa pelo Trono de Ferro no próximo domingo às 22 horas na HBO.