Nota
9Pontuação geral
Votação do leitor 3 Votos
9.2

Geralmente os filmes de M. Night Shyamalan envolvem muito mais que uma trama ou narrativa. A experiência é o que mais conta no cinema em geral, e o cineasta aposta todas as suas fichas nisso a cada filme que lança no mercado, e “Tempo” segue esse padrão da sua filmografia com louvor até onde a narrativa se apóia nela.

A premissa das famílias em férias em um resort paradisíaco que vêem estranhos acontecimentos surgirem após chegarem a uma praia deserta e afastada é o suficiente para o espectador que abraça os filmes como experiência.

Neste sentido, “Tempo” não decepciona os olhares mais atentos e sensíveis, com diversas analogias interessantes a serem observadas enquanto metáfora audiovisual, sobre o contexto identitário, ambiental e sentimental que Shyamalan constrói em cena.

A experiência na obra de Shyamalan

Talvez a grande força deste filme seja exatamente quando engloba a força sentimental que envolve a família, e é talvez um dos filmes mais bonitos de Shyamalan se for avaliado exclusivamente neste enfoque.

O potencial dramático dos efeitos do tempo nos afetos, cuidados e análises são muito bem explorados em cada opção de plano, enfoque e até mesmo movimentos de câmera que carregam consigo a profundidade da cena envolvida.

O amadurecimento de Shyamalan se percebe em toda a encenação dentro da praia deserta, e caso se resumisse a este espaço geográfico e aos elementos dramáticos que ali se desenvolvem e se entrelaçam, “Tempo” talvez fosse uma das melhores – senão a melhor – obra de sua carreira, dentro da lógica construída ao longo de sua filmografia de tratar assuntos sentimentais sob o desprendimento do fantástico.

Quando sai desse espaço da praia, o filme se desconecta de tudo que construiu até ali, e mesmo com a destreza sarcástica deste encaminhamento por parte do diretor na condução deste ato final.

Desaponta mas diminuiu muito pouco o contexto central de todo o filme, que com certeza gera excelentes debates e reflexões em quem se permite a entrar nessa experiência, o que no caso dos filmes de M. Night Shyamalan costuma-se valer muito a pena.