Alexandre AlmeidaOnde: Cinemas
Até o último dia 1º de junho, não havia nada igual ao primeiro Aranhaverso até o momento. Agora, não há nada ‘que chegue perto’ de Homem-Aranha Através do Aranhaverso.
O filme é uma experiência completa de cinema: som, visual, storytelling: tudo está lá e está de forma impecável. É uma evolução do que deu certo no primeiro, superando o original em muitos momentos.
Homem-Aranha Através do Aranhaverso prova mais uma vez que Miles Morales é um personagem incrível e é ainda melhor que Peter Parker. São camadas e camadas de desenvolvimento, relacionamento familiar, angústias e anseios, modernizando o clássico “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.
Um dos maiores acertos dessa continuação, parte dois de uma trilogia, é que o filme dá muito espaço para Gwen e o arco dela é perfeito. Aliás, todo o “prólogo” de Aranhaverso 2 é exclusivo para mostrar os conflitos da jovem com o pai e seus próprios traumas como Aranha.
Angústias, traumas, perdas; Através do Aranhaverso vai fundo nesses temas, trazendo um dos roteiro mais interessantes sobre o papel do Homem-Aranha e suas escolhas, desde o segundo filme dirigido por Sam Raimi.
Dentre as centenas de Homens-Aranha que Miles vai encontrar nessa jornada através desse Multiverso (a palavra do momento no gênero), os grandes destaques são Miguel O’Hara e o Spider-Punk, interpretador por Oscar Isaac e Daniel Kaluuya, respectivamente.
O primeiro é um antagonista perfeito, com motivações genuínas. Já o Spider-Punk, rouba a cena tanto como personagem, quanto pela animação, que mistura um monte de recortes para trazer a peculiaridade do punk rock e dos “lambe-lambe” que cobriram os muros nos anos 1970.
E, bom, falando de animação, é preciso ser repetitivo: não há nada igual no cinema. A experiência catártica que Através do Aranhaverso propõe através de cores e estilos pode ser comparada ao que George Miller fez em Mad Max: Estrada da Fúria. Aranhaverso 2 mistura aquarela, pop art, rascunho, renascimento, videogame… tudo em prol da história.
Uma das coisas mais legais do filme, e que parece se perder dentro do filão do gênero de heróis hoje, é que os easter eggs e surpresas estão lá como parte do que te faz ficar maravilhado com o filme. Eles são a cereja do bolo e não o recheio.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é único, assim como foi o primeiro. É uma obra que será estudada e que faz pensar o que foi guardado pra Além do Aranhaverso, parte final da trilogia. O sentimento é que vimos o De Volta para o Futuro 2 dessa geração, só que melhorado e superando o original. E isso por si só já é impressionante.