“A MORTE DO DEMÔNIO - A ASCENSÃO” (2023), de Lee Cronin
7.5Pontuação geral
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8.2

Onde: Cinemas

Mais de 50 anos após sua primeira aparição, um demônio retorna à Terra graças a uma sucessão de acontecimentos naturais, uma decisão atrapalhada de um adolescente e um livro amaldiçoado. Após tomar conta do corpo de uma mãe de família recém-separada, ele parte para uma busca sedenta por sangue. Esse é o simples enredo de “A Morte do Demônio: A Ascensão”, quinto filme em uma série iniciada em 1981 pelo diretor Sam Raimi, que dessa vez serve como produtor executivo.

Para fãs do gênero, e mais especificamente da franquia “Evil Dead” (no original), o novo filme de terror atende muito bem às expectativas. A fórmula de sucesso não foi mexida – uma sequência inicial aterrorizante, protagonistas suficientemente cativantes, personagens dispensáveis que servem para as cenas mais grotescas, alguns sustos e muito, muito sangue. Está tudo ali, em um filme bem construído e dinâmico, sem perder muito tempo com explicações ou falsas resoluções.

A caracterização dos personagens, especialmente quando estão possuídos, é um show à parte – a demonização fica crível e culmina com um exagero final esperado pelos seguidores assíduos da série. As referências aos filmes anteriores também estão presentes para quem os assistiu, ao mesmo tempo em que não aliena os novatos. Os efeitos especiais são bons o suficiente, com poucos escorregões, e a cuidadosa direção de arte toma conta das cores e iluminação certas para cada plano. Tecnicamente, “A Ascensão” eleva o terror a um patamar que merece ser seguido e o separa de um filme de baixo orçamento a um produto cinematográfico. O filme inicialmente foi planejado apenas para o serviço de streaming HBO Max, mas aproveita a decisão acertada de ir para a telona, com resultados de bilheteria iniciais excedendo as expectativas.


O elenco também é um grande acerto. Longe do comum equívoco de pensar que filmes de terror não precisam de boas atuações, o diretor Lee Cronin não cai na armadilha e traz um grupo de jovens talentosos – das aparições mais rápidas à excelente Alyssa Sutherland, que tem o equilíbrio certo entre assustador e medonho. Lily Sullivan, a mocinha, é um pouco mais fraca, mas não atrapalha o andamento do filme e tem a sorte de contracenar com a atriz-prodígio Nell Fisher, de apenas 11 anos. E a diversidade também está presente, o que é mais um ponto positivo.

O roteiro, que também é muitas vezes responsável por separar o bom do medíocre em filmes desse tipo, não traz reviravoltas nem inovações. Mas nem precisa. O filme como um todo entende o que se espera e deixa as sutilezas para outras produções. Nada aqui é psicológico – tudo é explícito, em feridas literalmente expostas. É feito para provocar reações nervosas, nojo e desconforto, justamente o que o público quer nesse caso. Talvez a grande diferença aqui seja a decisão de colocar uma mãe como a grande vilã do filme. Não são muitos os exemplos de filmes com mães malvadas, e menos ainda os que as colocam como monstros demoníacos em uma jornada para cortar a pele dos próprios filhos para entrar em seus corpos e “viver juntos como uma família feliz”, como ela própria descreve. A família pode não estar muito feliz no final das contas, mas o público certamente ficará.